Oi leva US$ 1 bi de chineses

Crédito com banco estatal é ligado à compra de equipamento. Cresce presença da China no Brasil

Bruno Rosa




Na semana em que 150 empresários chineses desembarcam no Brasil em busca de novos negócios, a Oi (ex-Telemar) vai obter uma linha de crédito recorde de US$ 1 bilhão do China Development Bank (CDB), banco estatal de fomento chinês, revela uma fonte a par das negociações. Os recursos serão destinados para capital de giro e para compra de equipamentos — parte dos quais, de um fabricante chinês. O anúncio será feito sexta-feira em Brasília e fará parte dos encontros empresariais que ocorrem em paralelo à cúpula de chefes de Estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) que ocorre em Brasília.

A parceria com a Oi é a mais uma das recentes investidas chinesas no Brasil.

O país tem buscado parceiros brasileiros com foco em commodities e infraestrutura e, em fevereiro, apareceu pela primeira vez na lista dos maiores investidores estrangeiros no Brasil, e já na terceira posição, com US$ 354 milhões.

Além do acordo entre Oi e CDB, serão anunciados em Brasília parcerias de estatais chinesas com Vivo e MMX.

O empréstimo para a Oi evidencia a estratégia da China: parte do dinheiro está associada à compra de equipamentos da também chinesa Huawei. As multinacionais com atuação no Brasil e sede na China servem de ponte para que empresas brasileiras busquem crédito em bancos estatais chineses.

O financiamento entre a Oi e o banco de financiamento chinês terá prazo de dez anos. A Oi já recorreu aos recursos do CDB pelo menos desde 2008. No ano passado, por intermédio também da Huawei, a maior empresa de telefonia do país obteve US$ 300 milhões com bancos chineses.

— Desde que a Oi comprou a Brasil Telecom vem buscando crédito no mercado. No fim de 2009, obteve no BNDES o maior financiamento desde a privatização da Telebrás, que chegou a R$ 4,4 bilhões. A empresa está em fase de emissão de debêntures, que pode chegar a outros R$ 3 bilhões — listou a fonte que acompanha as negociações.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a parceria será fechada em evento com Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi, Chen Yuan, presidente do Conselho do CDB, e o principal executivo da Huawei, Li Ke.

Parcerias também com Vivo e EBX

Segundo analistas, a Oi precisa de recursos externos para financiar seus projetos de expansão, porque se endividou muito ao adquirir a Brasil Telecom. Um desses projetos é a ampliação da sua
rede de banda larga.

Ontem, em Brasília, o presidente da empresa, Luiz Eduardo Falco, disse que a Oi poderá, até o fim do ano, oferecer internet de alta velocidade em todo o país, com exceção do estado de São Paulo. Mas, para atingir o preço que o governo pretende no programa nacional de inclusão digital, de R$ 35, será necessário algum subsídio, alegou Falco. Hoje, o preço de mercado da Oi está em R$ 56 para uma velocidade de 600 Kilobites por segundo.

— Uma das alavancas é a desoneração de impostos — disse Falco.

A missão empresarial chinesa também renderá frutos a Vivo, maior operadora de telefonia móvel do Brasil, que assinará parceria com a fabricante de aparelhos ZTE. Amanhã, a operadora vai lançar no Rio um celular de baixo custo da ZTE que irá oferecer TV digital. E a siderúrgica chinesa Wisco — também estatal — assinará acordo com a EBX, holding das empresas de Eike Batista, para parceria no Porto de Açu. Uma comitiva de 120 chineses visitará as obras do porto em São João da Barra, Norte Fluminense, sexta-feira.

A perspectiva de negócios com os chineses puxou os papéis das empresas de Eike. A ação da mineradora MMX liderou os ganhos do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, com 4,67%, e o papel da LLX (logística) subiu 3,22%, terceira maior alta.

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