Especialista: serviço do 4G será para poucos

 

Dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) divulgados neste mês revelam que há pouco mais de 255 milhões de linhas de celular ativas no Brasil. O índice é um quinto maior que o número de habitantes do país - 192 milhões -, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E o crescimento registrado nos últimos anos pela agência tende a aumentar ainda mais.

No início do mês, foram leiloados os lotes de faixas de frequência para oferta da 4G (quarta geração da telefonia móvel). A tecnologia promete mudar os rumos da telefonia celular, chegando até a locais onde a internet com fio não chega a uma velocidade bem superior à do 3G (terceira geração).
Para tirar todas as dúvidas sobre a nova tecnologia, o Portal da Band conversou com a Anatel e com a Claro, vencedora de um dos maiores lotes de frequência do serviço.

O que é a tecnologia 4G?

A quarta geração da telefonia celular, como é definida a tecnologia 4G, tem como principal característica a conexão de altíssima velocidade de internet. De acordo com estimativas, a web será parecida com a de conexões fixas via cabo ou modem ADSL. O Brasil utilizará os moldes americanos da tecnologia, chamada LTE.
Qual será a velocidade do 4G?
As expectativas são de que a velocidade da internet 4G seja de 10 a 40 vezes mais rápida no Brasil chegando a aproximadamente 10 MPs (megabits por segundo). A Claro afirma que já vem preparando sua rede para o 4G com investimentos constantes em infraestrutura. Com esta nova tecnologia a empresa que já oferece serviços com velocidades médias de até 3 Mbps com o 3GMax (HSPA+), permitirá que os clientes trafeguem a até 100 Mbps.
Qual é a importância da tecnologia?
Segundo a Anatel, o 4G proporcionará um acesso à web em alta velocidade a locais em que a infraestrutura de cabo não chega atualmente. A rapidez para se conectar também permitirá ver um vídeo ou ouvir uma música sem interrupções, por exemplo.
Quando o serviço estará disponível no Brasil?
De acordo com dados da agência, até abril de 2013 as operadoras de telefonia móvel do país devem ter conexões 4G nas cidades-sede dos jogos da Copa das Confederações (Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro).
As sub-sedes da Copa do Mundo precisam ter a cobertura até o fim de 2014: Cuiabá, Curitiba, Natal, Porto Alegre e São Paulo.
Será possível acessar as redes 3G e 2G nos dispositivos 4G?
Os usuários podem comprar, a partir de agora, um aparelho 4G. Isso porque, mesmo que o país não tenha a tecnologia implantada, os serviços de 3G e 2G – com velocidades de internet menores – funcionarão normalmente.
O que foi leiloado pela Anatel às operadoras?
As operadoras Claro e Vivo levaram os dois principais lotes para usufruírem das faixas de frequência de 2,5 GHz (giga-hertz). O primeiro lote foi vencido pela Claro, que ofereceu R$ 844,5 milhões, ágio de 34% sobre o preço mínimo estabelecido no edital (R$ 630,19 milhões). O lote seguinte foi vencido pela Vivo, com lance de R$1,05 bilhões e ágio de 66%.
As operadoras TIM e Oi também vão operar no mercado do 4G, na frequência de 2,5 GHz. As ofertas apresentadas pela TIM (R$340 milhões) e pela Oi (R$330,8 milhões) tiveram ágio de 7,9% e de 5%, respectivamente, em relação aos R$315 milhões definidos como preço mínimo.
Como não houve interesse na aquisição da faixa de 450 Mhz, destinada à oferta de serviços de telefonia móvel para as áreas rurais, as vencedoras da faixa de 2,5 GHz se veem agora na obrigação de prestar esse serviço.
Em locais mais afastados chegará o 4G?
Um cronograma divulgado pela Anatel mostra que todos os municípios com mais de 100 mil habitantes terão que ter sinal de 4G até 31 de dezembro de 2016.
É preciso trocar de aparelho para usar o 4G?
Para navegar na internet mais veloz do 4G, será preciso desembolsar dinheiro para a compra de um novo smartphone que suporte as frequências brasileiras. Quem tem o 3G poderá melhorar – um pouco – a navegação com as redes HSPA+, que podem chegar a uma velocidade de 5Mbps.
Qual será o preço dos aparelhos 4G?
As fabricantes de celulares ainda não possuem uma previsão de quanto custará um aparelho 4G no país. Um especialista ouvido pelo Portal da Band, porém, alerta que devem ser bem mais caros que os disponíveis hoje no mercado.

A implantação da tecnologia 4G (quarta geração da telefonia móvel) no Brasil promete modificar os rumos do setor nos próximos anos. Uma internet até 20 vezes mais rápida poderá chegar a lugares em que nem a rede comum, de cabo, chega atualmente. Porém, segundo Guilherme Ribeiro, sócio-fundador da empresa Webfones, especializada em venda de celulares pela internet, nem todos terão acesso à novidade.
"No começo a tecnologia 4G será para poucos", afirma Ribeiro. Segundo o especialista, os preços dos aparelhos, além do próprio serviço, devem chegar ao país a preços bem salgados. "Apenas quem tiver um poder aquisitivo maior deve investir na nova geração de telefonia assim que implementada", diz.

Por conta disso, o 3G (terceira geração da telefonia móvel) não deve ser deixado de lado. "Acredito que os altos preços da nova geração da telefonia tendem a não canibalizar o 3G. Claro que o uso tende a cair, mas não tanto", explica.
Ribeiro estima que até 2015 o 3G continuará sendo o mais utilizado em todos os cantos do Brasil. "Não é todo mundo que sairá migrando. É preciso esperar até que o país tenha condições de receber o sinal do 4G", afirma.
Enquanto isso, o sócio-fundador da Webfones comemora as altas nas vendas dos modelos que estão à venda. "A cada ano, vende-se cerca de 30% a mais de aparelhos celulares", completa.

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