O correspondente Anthony Boadle, da agência de notícias Reuters, a mais importante do mundo, destacou, numa reportagem distribuída globalmente, que Jair Bolsonaro atacou o sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas e disse ainda que ele pode tentar se negar a entregar o cargo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todas as pesquisas. Na reportagem, traduzida abaixo, Boadle faz algo que a imprensa brasileira ainda se nega a fazer, que é classificar Bolsonaro como um político de extrema direita. Leia abaixo:
BRASÍLIA, 18 de julho (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro convidou o corpo diplomático nesta segunda-feira para ouvir suas acusações de que o sistema eleitoral do Brasil estava aberto a fraudes antes das eleições de outubro, nas quais ele está atrás na disputa por um segundo mandato.
"O sistema é completamente vulnerável", disse ele a cerca de 40 diplomatas convidados a sua residência em um briefing sem precedentes três meses antes de uma eleição geral.
Os diplomatas presentes incluíram enviados dos Estados Unidos, União Europeia, França, Espanha e Portugal. A vizinha Argentina, cujo presidente é de esquerda, não foi convidada.
"Sabíamos o que ele ia dizer, isso não foi surpresa. Mas é bastante incomum reunir a comunidade diplomática para falar sobre uma questão doméstica", disse um diplomata que compareceu à Reuters.
Líderes da oposição pediram uma investigação de supostos crimes eleitorais cometidos por Bolsonaro, por seus ataques a um sistema que resultou em sua eleição por três décadas, como deputado e depois como presidente, e por usar a televisão pública para transmitir suas opiniões.
Autoridades dos EUA pediram aos brasileiros que confiem em seu sistema de votação e disseram que Bolsonaro deveria parar de lançar dúvidas sobre a votação eletrônica. Bolsonaro, um nacionalista de extrema direita que disse que modelou sua presidência após a de Donald Trump, ecoou as alegações infundadas de fraude do ex-líder dos EUA nas eleições de 2020.
Ele questionou repetidamente as urnas eletrônicas do Brasil, argumentando sem provas de que elas são suscetíveis a fraudes, o que levantou temores de que ele possa se recusar a admitir a derrota, como Trump fez em 2020.
Suas tentativas de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, que vem sendo usado desde 1996 sem evidências de irregularidades, levaram seus oponentes a suspeitar que Bolsonaro pode se recusar a aceitar uma possível vitória do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera por dois dígitos em pesquisas de opinião.
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