Marcelo Ramos, diretor-presidente da Sterling Commerce para a América Latina
A demanda dos consumidores por conteúdo digital e serviços de valor agregado está transformando operadoras de telecomunicações em agentes facilitadores da economia digital. Apesar de existirem oportunidades de captação de receita de novos produtos e serviços, o ato de introduzi-las às atuais plataformas de negócio dos provedores de serviços de telecom apresenta desafios operacionais.
Para que as operadoras aproveitem as novas oportunidades de receita da economia digital, precisarão adotar processos de negócios seguros e flexíveis e sistemas para colaborar e conectar com novos parceiros da cadeia de valor e direcionar novas ofertas. Com o objetivo de entregar produtos e serviços diferenciados aos consumidores, emergiu um novo mercado de setores convergentes das comunicações, mídia e entretenimento, algo que pode ser chamado de midiacosmo.
O midiacosmo está forçando os provedores de serviços de telecomunicações a reestruturar seus modelos de negócios e processos. Na verdade, para competir em condição de igualdade no novo mercado, as estratégias de negócios das operadoras estão começando a imitar as dos grandes varejistas em vez de aquela dos fabricantes.
As operadoras têm tradicionalmente confiado em estratégias orientadas pelo modelo de negócio dos fabricantes, usando fluxo de negócios e receita estagnado. Isto significa que uma operadora compra equipamentos e serviços de fornecedores, integra-os à sua rede e envia a fatura aos usuários finais por produtos e serviços fornecidos. Em tal modelo unidimensional, há muito pouca, se houver, colaboração de desenvolvimento com parceiros de negócios em que tipos de produtos, serviços e conteúdos são fornecidos aos clientes.
Entretanto, mudanças significativas na estratégia das operadoras, embasadas por nova tecnologia de rede aberta como plataformas de fornecimento de serviços, estão levando operadoras a abraçar um modelo de negócios de colaboração multidimensional muito semelhante ao adotado por redes de varejo.
A realização do midiacosmo envolve o uso de plataformas de negócio de colaboração em que outras organizações, como companhias de mídia digital, possam conectar seus produtos e processos a uma plataforma de negócios do provedor de serviços de telecomunicações. Isto permitirá uma integração sem precedentes e a provisão de novas ofertas para os consumidores com a rede dos provedores de serviços de telecomunicações, consequentemente gerando novas oportunidades de receita.
Para gerar estes novos fluxos de receita e oferecer novos serviços a consumidores, muitas operadoras abraçarão novos relacionamentos de negócios e parcerias com vendedores de conteúdo e serviços, parceiros e fornecedores a fim de levar um conjunto de produtos e serviços diversificados para o mercado. Como subproduto desta estratégia, um mix de inter-relacionamentos irá evoluir e nele emergirão simultaneamente colaboração e competição entre operadoras e donos de conteúdos e provedores de aplicações e softwares.
Gerir de maneira hábil este complexo ecossistema de parcerias será um dos principais objetivos das operadoras. Aquelas que terão sucesso em capitalizar esta oportunidade do midiacosmo serão as que implantarão e contratarão capacidades de tecnologia e negócios que possibilitem a integração com muitas empresas e a colaboração automatizada entre parceiros na cadeia de valor. Isto permitirá às operadoras ter uma fonte de conteúdo e serviço de valor agregado de múltiplos pontos e gerir relacionamentos de negócios de maneira flexível. Isto significa que cada participante da rede – não somente a organização no hub – colhe os benefícios da colaboração de negócios orquestrada que os permite ter acesso a expertise e informação de mais além dos seus próprios muros corporativos. Isto também permite inovação que orienta e otimiza a experiência do cliente e, em último grau, o crescimento de receita.
Uma boa solução de integração multiempresa deve permitir que provedores de serviços de telecom reajam a dinâmicas de mercado com rapidez e sem esforço, deve ser capaz de dialogar com sistemas legados e quaisquer métodos de comunicação utilizado entre parceiros de negócio. Além disto, deve permitir que as operadoras montem ofertas diversificadas com agilidade, acompanhar e registrar cada transação de ponta a ponta em qualquer granularidade necessária. Finalmente, uma boa solução de integração multiempresa deve proteger contra fraude, roubo, vazamento de receita e suscetibilidade legal. Este conjunto de capacidades permitirá às operadoras obter o máximo dos benefícios das oportunidades que apresenta o midiacosmo.
Fonte: http://www.telecomonline.com.br/artigos/midiacosmo-o-desafio-das-telcos-na-era-dos-conteudos-digitais
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