Por Deonísio da Silva
Os perigos do Google ainda não foram detectados
no Brasil. Seus mecanismos de busca percorrem o mundo e digitalizam
tudo o que está disponível. E se daqui a pouco o Google resolver cobrar
pela informação, hoje grátis, ou impor restrições ao acesso, hoje livre
para todos? Daí, sim, veremos o que significa de verdade o Big Brother
monstruoso que as letras já anteviram.Por enquanto desfruta-se apenas de suas
facilidades. Sem pagar mais do que o acesso à internet, pode-se
perguntar qualquer coisa ao pitoniso do nosso tempo, que, semana
passada, informou que prepara o lançamento de uma conexão para a
internet quinhentas vezes mais veloz do que a mais rápida que
utilizamos no Brasil.
Trafegando a 1 gigabit por segundo – 100
vezes mais rápida do que as melhores conexões por fibra óptica
utilizadas hoje nos EUA –, os dados chegarão a uma elite de até 500 mil
pessoas, que, segundo o coordenador do projeto, James Kelly, pagarão um
"preço competitivo", sabe-se lá o que significa isso. Se ninguém terá
este serviço, ele competirá com quem?
Desrespeito como normaA
internet mais rápida do mundo é a da Coreia do Sul. Ainda assim, para
baixar um filme de 120 minutos, de alta definição, é necessário o dobro
do tempo. É muito, mas de todo modo é bem menos do que as 49 horas que
se gasta ou se gastaria no Brasil. Pois o Google promete baixar todo o
arquivo em seis minutos. Com qualidade de devedê, seriam gastos apenas
quarenta segundos. Na Coreia do Sul, hoje são despendidos para a tarefa
trinta minutos e no Brasil, cinco horas e trinta minutos.
A Veja deu
chamada de capa à matéria assinada por Benedito Sverberi e Renata
Betti. Será bom para os leitores se a mídia especializada, repercutindo
o noticiado pela revista, ajustar um pouco o foco de suas reportagens
sobre informática e tratar também dos senões desses avanços, que os há
e são muitos, pois parecem obcecadas apenas com os benefícios.
No
Brasil, para o pobre a internet rápida ainda é uma festa da qual ele
não pode participar. As tarifas das operadoras de telefonia estão entre
as mais caras do mundo. As felizardas anunciam velocidades que não
entregam. Se o usuário reclama, ouve que "naturalmente" aquela
velocidade é para determinadas regiões, convocam o cliente infeliz à
resignação e tudo fica mais ou menos por isso mesmo.
Biblioteca babélicaEntre
os perigos estrategicamente ignorados há um que ronda o nosso convívio
e está prestes a acontecer: é o apagão da internet. A empresa de
consultoria americana Nemertes Research tem um estudo que fixa a
catástrofe para 2014, mas esse ano é lembrado apenas como o da Copa do
Mundo no Brasil.
Por enquanto, o Google é visto no Brasil como
uma ferramenta de pesquisa. Mas, com tal velocidade de internet, ele
será muito mais do que isso. Pequeno exemplo: um sábio renascentista
tinha uma biblioteca de cerca de cem livros. Com tais recursos
eletrônicos, qualquer cidadão poderá ter uma de milhares de volumes,
buscados não mais nas livrarias, mas na rede mundial.
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