A torre de Babel dos smartphones

Proliferação de softwares incompatíveis entre os diferentes aparelhos atrapalha o crescimento da telefonia móvel

Dê uma olhada nos smartphones, os celulares inteligentes, que estão nesta página. Todos realizam quase as mesmas funções: a maioria tem tela sensível ao toque, conexão à internet, câmera de vídeo e, claro, recebem e fazem chamadas telefônicas. Mas o que diferencia entre si essa gama crescente de aparelhos não é aparente à maioria das pessoas: são os softwares.

O probema é que os programas que fazem esses dispositivos funcionarem só servem para um tipo de aparelho ou para os celulares de uma mesma operadora. Um aplicativo do iPhone não opera em smartphones da Nokia, assim como também não funciona com o sistema operacional Android, do Google, ou com o novo Windows Phone, da Microsoft, lançado na última semana no Mobile World Congress, em Barcelona (Espanha). Conforme especialistas, o mercado vive em uma espécie de torre de Babel que ameaça atrasar o crescimento da telefonia móvel.

“Todos os sistemas são fechados. Estamos criando ilhas de aplicativos incapazes de se comunicarem uns com os outros”, avalia Michael O’Hara, vice-presidente de marketing da Associação GSM, que promoveu o evento em Barcelona.

O mercado de sistemas operacionais para smartphones é fragmentado, mas a Apple, com o iPhone e a loja virtual App Store, tornou o ramo de aplicativos (pequenos programas com funções específicas) um negócio lucrativo, o que estimulou outras empresas a imitar o modelo. Em 2009, foram vendidos US$ 4,2 bilhões em aplicativos, quase todos para o iPhone, segundo a consultoria Gartner. Depois de dividir os lucros com os programadores, estima-se que a Apple tenha faturado cerca de US$ 1 bilhão.

De olho nesse mercado, grandes operadoras de redes estão formando alianças para promover padrões próprios de aplicativos. Em dezembro, a franco-americana Alcatel-Lucent passou a conectar operadoras de rede e desenvolvedores para criar aplicativos que funcionem em múltiplas redes e sistemas operacionais. Conforme a companhia, mais de 50 operadoras demonstraram interesse, e já há programas em desenvolvimento.

Operadoras de telefonia móvel também estão se organizando. No ano passado, quatro empresas que atendem a mais de um bilhão de assinantes – China Mobile, Verizon Wireless, Vodafone e SoftBank Mobile, do Japão – formaram o Joint Innovation Lab para desenvolver aplicativos comuns aos celulares usados em suas redes. Os movimentos já começam a ser feitos, mas ainda é cedo para dizer que a torre de Babel da telefonia móvel tem data para ruir.

THE NEW YORK TIMES

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