por José Roberto Mavignier*, da Frost & Sullivan
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Para o especialista, os beneficiados serão aqueles que estão no lado mais fraco da corda, a população de baixa renda |
Em uma análise inicial, ainda estamos distantes de vermos a questão do
Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) plenamente resolvida. Atualmente,
o que se vê é uma discussão interminável sobre qual seria o modelo
ideal para promover a Inclusão Digital no Brasil, com os interessados
puxando as sardinhas para suas brasas.
No Brasil, por via de regra, o jogo político comanda decisões estratégicas. O caso do PNBL não será exceção a esta regra, porém, a diferença está no final da estória: tudo leva a crer que, pela primeira vez no setor de telecomunicações, os beneficiados serão aqueles que estão no lado mais fraco da corda, a população de baixa renda e pequenos provedores de serviços. Independente do jogo político e do jogo de interesses, o valor do ineditismo está na visão estratégica do governo para o assunto. A ideia é levar acesso banda larga a 68% das residências brasileiras até 2014. Visão estratégica porque trata-se de mirar o futuro, de dar acesso à informação em tempo real e ensino à distância a grande parte da população brasileira. A Inclusão Digital, nestes termos, seria instrumento fundamental na busca pela qualificação da mão de obra que atuará na econômia brasileira nesta e na próxima década. Na falta de escolas, infraestrutura e política pública para educação, a inclusão digital poderia ajudar a cobrir em poucos anos parte deste hiato que demoraria décadas para ser resolvido. Vejamos o caso da Coréia do Sul. O país optou há anos pela educação como ferramenta estratégica de transformação econômica e social. Foi formulada uma política pública com investimentos governamentais pesados em infraestrutura em escolas e universidades, qualificação dos magistrados, e acesso à informação. Esta última, que tangencia o mundo das comunicações, resultou na melhor infraestrutura de banda larga no mundo, que cobre 97% das residências do país, com acessos de 50 Mbps, sem limite de tráfego, por meros US$ 25 mensais. Resultado: o país é hoje a 14ª economia do mundo, tendo apenas o 108º território em termos de área total, e a 25ª população nominal. Além do desenvolvimento da força de trabalho, toda a cadeia de valor no provimento de acesso a internet no Brasil seria desenvolvida com a política industrial e tributária que o governo está sinalizando, o que também traria benefícios a economia com a geração de empregos, o fortalecimento da indústria nacional e o acirramento da competição em um dos segmentos mais importante do mercado de Telecomunicações, dando chances de pequenos e médios provedores voltarem a competir como aconteceu nos primórdios deste mercado no país. Este seria o modelo perfeito. Mas, como Deus está nos detalhes, talvez um ou outro equívoco seja cometido, e a divindade do projeto seja desacreditada para um ou outro integrante desta cadeia de valor. Ainda falta muita coisa para chegarmos ao patamar coreano. Por exemplo, falta atrelar a esta política pública o acesso a computadores, que continua caro para grande parte da população. Apenas 31% dos brasileiros possuem computador, o que mostra que não é apenas a banda larga que trará este desenvolvimento esperado para Brasil. No entanto, embora ainda exista muita coisa a ser definida e contemplada, fica a percepção que estamos olhando na direção certa para o futuro, finalmente. * José Roberto Mavignier é gerente da Frost & Sullivan e escreveu com exclusividade para o IT Web |
Artigo: Plano Nacional de Banda Larga mostra que Brasil olha para o futuro
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