Agência Estado
Por Gerusa Marques
Brasília - O ministro das Comunicações,
Hélio Costa, levantou hoje dois questionamentos que podem dificultar os
planos do governo de reativar a Telebrás para ser a gestora do Plano
Nacional de Banda Larga. Ele disse que já manifestou ao Palácio do
Planalto sua preocupação de que possa haver impedimento na legislação
de telecomunicações para o governo ser controlador de duas empresas que
prestem o mesmo serviço: a Telebrás e a Oi, na qual a União está
presente no bloco de controle por meio dos fundos de pensão de estatais.
"Tenho
alertado a todos os entes que participam do projeto da banda larga que
temos que ficar atentos a algumas coisas importantes que precisam ser
levadas em consideração. A legislação impede que o governo - na medida
em que ele tem os fundos de pensão como sócios de uma empresa de
telecomunicações - possa participar ativamente de outra empresa",
afirmou Costa.
O ministro também apontou possíveis confrontos com
a Lei das Sociedades Anônimas, pelo fato de o projeto do governo prever
um prejuízo operacional, pelos próximos 10 anos, para a gestora do
plano de banda larga - o que seria considerado lesivo aos sócios
minoritários da estatal. "Se o projeto já está prevendo que durante 10
anos nós vamos ter uma atividade sem lucro, isso também tem que ser
levado em consideração", disse o ministro.
Um especialista do
setor, que já integrou o corpo técnico da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) explicou que as regras sobre o assunto têm de
ser analisadas com base numa combinação da Lei Geral de
Telecomunicações (LGT), dos regulamentos de cada serviço editados pela
Anatel e da Resolução 101, também da Anatel, que estabelece os
critérios para definir as relações de controle entre as empresas.
A
LGT diz que duas empresas que tenham um mesmo controlador não podem
prestar um mesmo serviço em uma mesma região. A interpretação que vem
sendo dada é de que a Telebrás, ao ofertar banda larga, estaria
prestando o mesmo serviço que já é oferecido pela Oi na mesma região,
ou seja, em todo o Brasil à exceção de São Paulo. O governo está no
bloco de controle da Oi por meio dos fundos de pensão Previ (Banco do
Brasil), Funcef (Caixa Econômica) e Petros (Petrobras).
Reforçando
as premissas dadas na LGT, os regulamentos da telefonia fixa e da
telefonia celular reafirmam e detalham essa proibição. No caso da banda
larga, o regulamento deixa o assunto em aberto. O técnico avalia que
seria frágil dar ao setor de banda larga uma interpretação diversa dos
demais regulamentos, o que geraria facilmente questionamentos na
Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário