Desbloqueio de celular também na pauta

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fará também na quinta-feira mais uma tentativa de votar a proposta que determina que o desbloqueio do telefone celular seja gratuito e possa ser pedido a qualquer momento pelo usuário. O tema é polêmico e se arrasta desde o fim do ano passado. A demora da Anatel em dar uma definição para o assunto já vem sendo comparada à novela da cobrança pelo ponto extra da TV por assinatura e tem recebido críticas do Ministério Público e de órgãos de defesa do consumidor.
O procurador Paulo José Rocha Júnior, do Ministério Público Federal, avalia que a demora da Anatel em se manifestar sobre determinados assuntos, como o ponto extra e o desbloqueio do celular, acaba levando os órgãos de defesa do consumidor a buscarem a Justiça para resolver os problemas dos usuários.
Segundo ele, os direitos dos clientes só têm efetividade se houver uma estrutura que cobre o seu cumprimento, aplicando as punições cabíveis. "Ao editar normas e não implementá-las, seja com fiscalizações, seja com esclarecimentos, a Agência tira força de qualquer outra nova iniciativa que possa anunciar, e, pior, retira força da instituição e expõe seus agentes administrativos a eventuais responsabilizações por omissão", afirmou Rocha Júnior.
Para o procurador, as medidas adotadas pela Anatel ainda são insuficientes para "inibir as condutas lesivas aos consumidores". Rocha Júnior, que integra o grupo de trabalho sobre telecomunicações do Ministério Público, lembra que em outros assuntos, de interesse das empresas, a Anatel tem sido rápida. "Causa estranheza que grandes decisões como o Plano Geral de Outorgas ou a anuência prévia para a fusão Brasil Telecom-Oi tenham sido tomadas em tempo recorde, enquanto questões mais simples como ponto extra ou bloqueio de aparelhos levem anos", afirmou.

Omissão

Pela proposta apresentada pela conselheira Emília Ribeiro, o conselho diretor da Anatel editaria uma súmula para esclarecer o regulamento de telefonia celular, assegurando que o desbloqueio é um direito do cliente e pelo qual não se deve cobrar nenhuma taxa ou multa. Desbloqueado, o celular pode ser usado com chips de diferentes operadoras, o que, na visão da conselheira, pode baratear o custo das ligações, já que o cliente poderá optar pelos serviços de mais de uma empresa de telefonia, estimulando a competição.
Apesar de a proposta ser tecnicamente simples, não há consenso entre os conselheiros sobre a data de entrada em vigor da medida e sobre os critérios da gratuidade. A preocupação da conselheira Emília é a de evitar que o texto da súmula deixe brechas para qualquer tipo de cobrança.
Mesmo constando da pauta, a votação da proposta nesta quinta-feira não está garantida, já que o conselheiro João Rezende, assim como fizeram os demais diretores, ainda tem direito a pedido de vista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário