Karla Mendes
A imposição da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) para que as operadoras desbloqueiem
gratuitamente os telefones celulares de seus clientes deve pôr fim ao
mercado paralelo que explodiu à margem do cerceamento do direito de se
ter os aparelhos liberados para chips de qualquer empresa.
Basta observar nos shoppings, nas lojas de rua, em quiosques e bancas de
revista a superoferta do serviço. Por toda parte existe uma placa com
os dizeres: fazemos desbloqueio de celular. E tem gente que passou a
viver disso, como Edgar Vieira, que se tornou especialista no serviço há
cinco anos. Ele divide com um sócio o espaço da Veredas Celular, loja
de acessórios para telefones instalada na rodoviária de Brasília. Apesar
do sucesso do negócio, ele se mostra preocupado com os efeitos da
determinação da Anatel. "Estou esperando para ver o que vai acontecer,
se vamos ou não perder clientes", diz.
Nesta semana, Vieira disse
que ainda não sentiu nenhuma diferença no movimento, que, segundo ele, é
de 20 a 30 aparelhos por dia para liberação. O recorde de procura em um
único dia ocorreu no ano passado, quando a Oi substituiu a marca da
Brasil Telecom e fez uma oferta de chips a R$ 1. "Cheguei a desbloquear
120 telefones por dia", conta. O serviço custa a partir de R$ 10,
dependendo do modelo do telefone. Para aparelhos sofisticados, é cobrada
uma taxa maior. "O desbloqueio mais caro que fiz foi para o iPhone: R$
150", revela.
Diversificação
Quem
diversificou o negócio mostra menos preocupação. Cláudio Gonçalves
Santos, há oito anos no ramo, afirma que passou a consertar aparelhos,
vender acessórios e chips, além de fazer instalação e atualização de
programas específicos para celulares. "Hoje, o movimento maior é por
reparos", relata. Na sua banca, localizada do Setor Comercial Sul, são
desbloqueados 20 celulares por dia, em média. E Santos acredita que a
nova lei não lhe trará prejuízos significativos. "Estamos torcendo para a
lei não atrapalhar muito. Felizmente, muitos aparelhos vêm de fora e,
aí, só a gente desbloqueia", enfatiza.
O comerciante explica
ainda que há duas formas de liberar o equipamento: via código, enviado
pelo próprio fabricante, e via cabo, chamado também de remoto, quando é
necessário fazer a atualização dos programas do aparelho. "Nessa segunda
modalidade, as próprias operadoras enviam os telefones para os
desbloqueadores", explica Santos.
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