Ana Paula Lobo e Rodrigo dos Santos
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Convergência Digital
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Em
debate sobre os desafios para o crescimento da Internet no Brasil,
integrantes do Comitê Gestor admitem que a norma 4/95, que considera a
Internet um serviço de valor adicionado, deve ser aperfeiçoada, uma vez
que a Web brasileira evoluiu, mas são categoricamente contrários à
mudança do seu contexto original, definido pelo ex-ministro das
Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Motta. Pano de
fundo da discussão, acreditam, está no modelo de tributação para os
negócios na Web.
O
debate, realizado nesta terça-feira, 30/08, na capital paulista, contou
com a participação de especialistas do setor. Demi Getschko,
diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR
(NIC.br) e considerado um dos "pais" da Internet no Brasil, foi taxativo
ao falar sobre o que deve ser feito com norma 4. "Não apoio qualquer
mudança do seu contexto original, ela deve ser modernizada, discutida.
Mas é isso. O cerne dela não pode mudar para o bem da internet",
afirmou.
O secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet, Hartmut Glaser,
endossou. "Aperfeiçoar a norma, sim, mas não podemos considerar Internet
como telecomunicações é descaracterizar a rede. Internet está acima da
rede de infraestrutura". O ex-presidente da Telebras e, agora,
integrante do conselho gestor do NIC.br, Rogério Santanna, assegura que o
grande embate da norma 4 está na questão tributação.
"Há uma ganância dos estados com esse negócio novo que é Internet.
Esse é o grande pano de fundo das discussões e precisamos ficar atentos.
Concordo que Internet não é telecomunicações", afirmou Santanna. A
posição dos integrantes do Comitê Gestor da Internet é contrária à
revelada tanto pela Anatel, por meio do seu presidente, Ronaldo
Sardenberg, que admite rever a Norma 4, quanto pelo ministério das
Comunicações, que também defende uma mudança no contexto da regra.
Vale lembrar que a norma 4 foi instituida pelo ex-ministro das
Comunicações do Governo Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Motta, para
impedir que o serviço Internet se transformasse num monopólio da
Embratel. À época, Motta preferiu definir a Internet como valor
adicionado para atrair a participação de novos players. Assim, o serviço
não ficaria centralizado nas mãos das empresas ainda estatais, uma vez
que a privatização do setor só aconteceu em 1998.
Sobre o Marco Civil da Internet, há um consenso entre os
participantes do debate: A legislação está bem redigida e deveria, sim,
ser uma prioridade do governo para que fosse aprovada ainda em 2011.
Para discutir a Governança da Internet brasileira, o Comitê Gestor
promove nos dias 13 e 14 de outubro, na capital paulista, um evento
reunindo autoridades internacionais e brasileiras. Assista o trecho do
debate sobre a Norma 4 e o Marco Civil da Internet, através da CDTV, do
Portal Convergência Digital.
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