Por Marcos Morita
Será publicada nos próximos dias a
decisão da Anatel referente ao desbloqueio de celular. As operadoras
estarão obrigadas a fazê-lo assim que solicitadas pelo cliente. Um
celular poderá utilizar qualquer chip, independentemente da operadora.
Em suma, maior liberdade aos consumidores, os quais poderão se
aproveitar das promoções oferecidas por
outras empresas.
É papel da Anatel – agência regulatória
do setor – criar condições que estimulem a concorrência, beneficiando os
cidadãos com maior poder de escolha. A mudança na lei geral das
telecomunicações, viabilizando a compra da Brasil Telecom pela Oi, a
portabilidade numérica e agora o desbloqueio são ações que corroboram
este objetivo.
Além do descontentamento de algumas
empresas, a decisão também provoca polêmica quanto aos clientes que
possuem contratos com cláusula de fidelidade, assinados em troca do
aparelho. Apesar do imbróglio, especialistas entendem que o contrato com
a operadora limita-se somente ao serviço. O que não extingue a
obrigação do assinante em cumpri-lo.
Quem já não se sentiu confuso, tentando
entender as promoções oferecidas pelas operadoras? Um sem fim de planos,
promoções e tarifas. Vamos considerar que cada empresa tenha cinco
planos com dez itens em cada. Um consumidor teria duzentas opções para
análise ao final do dia. Creio que nem a Anatel esperava por tanta
liberdade de escolha. Qualquer semelhança é mera coincidência.
Apesar dos inúmeros pacotes
personalizados, o foco se encontra na oferta de minutos adicionais.
Ligue para quem você gosta, para perto, para longe, para mais longe
ainda. Válido hoje, nos finais de semana, até o fim do ano, para sempre.
Para a mesma operadora ou se preferir, para todas. Telefones fixos, celulares ou ambos. Pague um
real, cinquenta centavos ou nada. Ganhe um minuto a cada um que você
falar. Ganhe cinco, ganhe dez, ganhe cinquenta, ganhe quanto quiser ou
puder.
Num país em que mais de 80% dos
celulares pertence à modalidade pré-paga, a disputa só poderia estar na
oferta de minutos. Neste cenário, ganhará quem conseguir oferecer mais
por menos. Com o desbloqueio a tendência é que esta guerra fique ainda
mais acirrada. O cenário que se avizinha parece bastante próximo ao
ocorrido com a internet.
Voltemos a um passado recente, quando
tínhamos que pagar por um endereço de e-mail. Assinaturas eram cobradas
por um espaço que hoje mal comportaria um vídeo. Chegaram os
concorrentes, ampliou-se a disponibilidade de banda larga, caíram os
custos dos microprocessadores. Cenário atual. Armazenagem quase infinita
e o melhor, de graça. Apagar e-mails para liberar espaço é coisa do
passado. Chegará em breve o dia em que ligações serão gratuitas.
Está enganado quem pensa que as empresas o fazem por respeito
ao consumidor. Estas são as novas regras do jogo, para as quais as
operadoras estão adaptando seus modelos de negócios. Vale aqui o ditado
que não existe almoço grátis. Alguém sempre pagará pelos serviços
gratuitos, seja o próprio ou outras pessoas que desejarem algo
diferenciado. Acesso a internet de alta velocidade, caixa postal, envio
de SMS e aparelhos modernos são todos bem cobrados a quem interessar.
Vejamos outros exemplos. O ar que você
coloca nos seus pneus será pago pelo combustível, a oferta
arrasa-quarteirão do supermercado por um carrinho cheio de outros
produtos, um ingresso grátis para seu filho pelo ingresso dos pais, a
passagem de baixo custo pelo despacho das bagagens, o refrigerante
grátis pelo almoço bem pago. Grátis, subsidiado ou pago. Cabe a você
avaliar suas necessidades e seu bolso. Consciente você agora está.
Marcos Morita
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