As operadoras móveis não estão satisfeitas com o
regulamento proposto pela Anatel para o surgimento de operadoras móveis
virtuais (MVNOs). Isso ficou claro em audiência pública sobre o tema
promovida pela agência nesta terça-feira, 9, no Rio de Janeiro. Oi e
TIM foram as únicas a se pronunciar publicamente. A Oi alertou para a
necessidade de ajustes técnicos em seus sistemas para receber MVNOs e
sugeriu que a Anatel concedesse um prazo para que adaptações fossem
feitas. A TIM demonstrou concordar com a ideia. A Anatel prometeu
avaliar a sugestão.
A Oi foi a operadora mais contundente nas críticas ao
regulamento. Na opinião dos técnicos da companhia presentes à
audiência, a Anatel deveria primeiro equacionar os problemas de
escassez de espectro e de numeração antes de permitir a entrada de
MVNOs no mercado brasileiro. Leandro Alves Carneiro, da gerência de
regulamentação da superintendência de serviços privados da Anatel,
respondeu que o impacto na numeração será pequeno, pois a adição de
novos assinantes decorrente do nascimento de MVNOs será baixa.
Sem exclusividade
A Anatel aproveitou a audiência para sanar uma dúvida levantada
na semana passada pela Telcomp: ao contrário do que se poderia
interpretar pela leitura do regulamento, as MVNOs autorizadas podem,
sim, contratar rede de mais de uma operadora tradicional em uma mesma
região. Isso não vale, porém, para MVNOs credenciadas. Ainda de acordo
com a agência, as MVNOs autorizadas receberão uma faixa de numeração
própria. Diante desses esclarecimentos, contudo, representantes da Oi
levantaram um problema técnico: a dificuldade de controlar em uma única
faixa de numeração o acesso a mais de uma rede móvel. "Nossa topologia
de rede não foi construída para múltiplos MNCs (Mobile Network Codes)",
comentou um executivo da Oi. A Anatel alega que esse seria um problema
que caberia às MVNOs resolverem, provavelmente com auxílio de MVNEs
(Mobile Virtual Network Enablers). Mas mesmo que uma operadora
tradicional não queira alugar sua rede para nenhuma MVNO, ela também
precisará fazer ajustes técnicos em seus sistemas no que tange o
encaminhamento de chamadas. "Depois de entendermos como será feita a
integração para receber MVNOs, acredito que seria necessário pelo menos
um ano para realizar os ajustes", disse um técnico da Oi.
TIM també quer prazo
A TIM, por sua vez, deixou claro que não vê os ajustes técnicos
como uma barreira intransponível. Porém, achou interessante a ideia da
Oi de a Anatel conceder um prazo para as operadoras se adaptarem, tal
como aconteceu na portabilidade numérica.
O principal ponto levantado pela TIM, entretanto, diz respeito
à necessidade de se detalhar melhor o regulamento, especialmente no que
tange as responsabilidades que caberão às MVNOs e às operadoras
tradicionais. "Não é porque o regulamento é aberto que vão aparecer
soluções mágicas. É melhor discutirmos tudo antes para depois termos um
plano de implementação", disse um executivo da operadora.
MVNA e coligadas
Entre outras sugestões apresentadas durante a audiência, merece
destaque uma feita por Eduardo Prado, da Cleartech: ele questionou
sobre a proibição de empresas coligadas a operadoras móveis criarem
MVNOs. O executivo lembrou que em mercados estrangeiros isso é
permitido e grupos como KPN e Telefônica possuem participação acionária
em MVNOs. Carneiro, da Anatel, admitiu a possibilidade de rever a
proibição.
Foi levantado também o fato de o texto do regulamento não
prever a existência de agregadores de MVNOs, os chamados MVNAs. Este é
outro ponto que a Anatel irá avaliar.
Obrigatoriedade
A não obrigatoriedade de as operadoras móveis alugarem suas
redes foi justificada pela Anatel pelo fato de o mercado brasileiro ser
bem competitivo. Apenas países onde há um certo monopólio da rede
celular, como a Dinamarca, determinaram que o aluguel da rede seria
obrigatório.
A próxima audiência pública sobre o regulamento de MVNOs acontecerá em Brasília, no dia 11.
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