Redes com ou sem fio?






As redes sem fio (Wi-Fi) são um meio altamente difundido no que se refere à conectividade corporativa atual. Se o que foi dito durante a Interop, evento realizado em Nova Iorque semana passada, for verdade, pode levar mais algum tempo até que elas ultrapassem todas as modalidades de conexão, mas vai acontecer.




São muitos os locais de trabalho, em que as conexões Wi-Fi são mais usadas que as ligações com cabos. Isso leva à perguntar se de fato, ainda existe necessidade de ter redes cabeadas.



Empresas x usuários



Sobre isso, o consultor sênior da empresa Aruba Networks, Austin Hawthorne afirmou que “A questão que se apresenta está no fato de as empresas ainda não atribuem às redes sem fio a mesma importância que os usuários. O resultado disso são redes Wi-Fi de baixa capacidade e sobrecarregadas, ao passo que a rede com cabos é subutilizada, apesar de sua robustez”.



No vácuo dos argumentos de Hawthorne, o diretor sênior de tecnologia de dispositivos para conexões sem fio da empresa Meru Networks, Joe Epstein afirma que existe uma discrepância entre o que é esperado de uma rede Wi-Fi e o que é ofertado. “Os gestores constroem as redes Wi-Fi para cobrir determinada carências, quando para quem as usa, elas serem o principal meio de conexão”.



Isso termina por resultar em custo para a organização e em frustração para o usuário. As empresas investem pesado na estruturação das redes com cabo e os funcionários terminam por usar as conexões Wi-Fi, o que as deixa lentas.



As empresas estão preparadas para cortar os cordões umbilicais que as ligam às LANs ethernet?



“Ainda não”, responde o diretor de tecnologias avançadas da HP, Scott Linsday. “As redes cabeadas ainda se mostram mais vantajosas quando o assunto é desempenho. Existe, ainda , a questão de intimidade com a tecnologia. Essa diferença começa a diminuir, mas ainda existe”.



O volume na demanda por estruturas de Wi-Fi aumenta. Apenas no primeiro semestre de 2010 foram distribuídos 422.300 pontos de acesso do tipo 802.11n, contra 520.400 pontos no ano inteiro de 2009.



Por trás dos números há uma mudança cultural que torna a mensuração mais complicada. O CEO da Apple, Steve Jobs, comentou que, os gadgets iPad e iPhone já são usados em 80% das 500 maiores empresas do Ranking da Forbes.



Revolução tecnológica e cultural



Epstein diz que "à medida que os dispositivos mudam, muda também a expectativa das pessoas”. Com isso, o fluxo de trabalho dentro das organizações é alterado.



Segundo Craig Mathias, que ocupa o assento de diretor na empresa de análises Fairpoint Group, as redes Wi-Fi são tão capazes de realizar o trabalho quanto as tradicionais redes LAN. A próxima geração de pontos de acesso deverá se equivaler às Ethertnets Gigabit.



Atualmente, o padrão 802.11n IEEE, oferece bandas de até 100M bits por segundo, usando para tal, as frequências 2.5 ou 5 GHz. Isso perde de longe do 1G bit suportado por redes Ethernet Gigabit, encontradas na maioria dos PCs e Laptops.



Engenheiros estão trabalhando em duas tecnologias de rede sem fio por vir. A 802.11 ac (usando banda de 6GHz) e a 802.11ad, que opera em um canal de 60GHz.



Para Bob Friday, diretor de iniciativas estratégicas da Cisco, o modelo 802.11ac merece observação atenta. “Será o próximo padrão de rede Wi-Fi, depois do 802.11n”, diz.



2012



Mesmo assim, esse padrão deverá continuar indisponível até 2012. Diretor do departamento de arquitetura Wi-Fi da fabricante Aerohive, Devin Akin diz que os fabricantes de chips estão investigando esse processo. "Até chegar o momento em que tivermos em um estágio alpha, não haverá o que dizer sobre essa tecnologia. Para que o projeto se concretize, é necessário que os fabricantes de processadores cheguem até nós com um código base e um conjunto de chips feitos para esse tipo de hardware. Até lá, não passará de um sonho”.



De qualquer forma, comparações entre a qualidade das conexões com e sem fio, não é exatamente um procedimento coerente. Epstein afirma que, ao passo em que muitas empresas utilizam conexões do tipo Gigabit Ethernet, a necessidade disso não costuma ser levada em consideração. “É um padrão, ponto.”



WLAN o filho pródigo



Na perspectiva de Mathias, as redes Wi-Fi oferecem algumas vantagens notáveis com relação às tradicionais LANs. Adicionar clientes de rede Wi-Fi é menos complicado; elas não perdem conexão por causa de cabos defeituosos. Como se isso não bastasse, as placas de rede sem fio, mesmo sofrendo com ruídos eletromagnéticos, suportam muitíssimo bem esse tipo de interferência. Elas simplesmente reduzem a qualidade da conexão quando percebem que existem microondas ou controladores de Xbox na rota do sinal.



Ainda assim, os palestrantes do evento concordam em um ponto: redes Wi-Fi demandam por mais ferramentas de gestão para poder concorrer de igual para igual com as redes de cabo.



“Ninguém aqui quer uma rede que funciona quando quer. Temos de chegar a um ponto em que o cliente é adicionado e pronto. Hardware de vontade própria ou de desempenho oscilante, que deixam a cargo do sistema operacional como fazer com que funcione corretamente, não é interessante”, enfatiza Epstein.



Afinal de contas: rede é rede?



Para Lindsay, da HP, os administradores de rede entendem perfeitamente bem as redes com cabos, e existem determinados pontos em comum entre as duas tecnologias. “Planejar uma rede para placas Wi-Fi é diferente de planejar uma rede de interfaces LAN”, diz.



Hawthorne dá um exemplo prático relacionado a essa questão. “Muitas organizações configuram subredes em suas arquiteturas de comunicação. No caso de redes Wi-Fi essa tendência desaparece e o resultado são 4 mil clientes ligados na mesma sub-rede”.



Talvez a melhor resposta para esse dilema seja não trata-lo como um escolha entre a cruz e a espada e, sim, optar por estruturas híbridas.



Nem mesmo na HP, que fornece as condições para empresas estabelecerem redes Wi-Fi “puras”, existem casos de organizações que abandonam os cabos azuis em detrimento do sinal sem fio.



“Podemos desenvolver a arquitetura de redes que os clientes desejarem. Mas, no final das contas, os próprios clientes desistem da ideia de abrir mão do consagrado modelo misto”, finaliza.

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