Adesão a operadores virtuais deve ser lenta, diz Amdocs
são paulo - A adesão das empresas ao serviço de operador móvel virtual, também chamado de MVNO (mobile virtual network operator), deve demorar um pouco a ganhar impulso no Brasil. Segundo a estimativa da Amdocs, provedora de soluções para os MVNOs, nos dois primeiros anos é provável que menos de uma dúzia de empresas comecem a usar este tipo de serviço, que há existe nos Estados Unidos e na Europa há pelo menos uma década. "O mercado brasileiro ainda toma conhecimento desse tipo de ferramenta, portanto deve aguardar as primeiras entrarem e se consolidarem para que possa investir nos MVNOs", diz o vice-presidente da Amdocs no Brasil, Renato Osato.
Contudo, a empresa está confiante no sucesso da MVNO no Brasil e já anunciou a abertura de um escritório no Rio de Janeiro com capacidade para 30 funcionários para ajudar a fortalecer as operações no País, além de facilitar o atendimento às operadoras que estão sediadas no Estado.
Operadores móveis virtuais permitem que empresas comercializem telefones celulares com marca própria para nichos de mercado que podem ser altamente segmentados sem necessidade de possuir uma nova faixa de espectro, como acontece com as operadoras.
Segundo dados apresentados pela Amdocs, hoje aproximadamente 700 operadoras de todo o mundo oferecem esse tipo de serviço, o que corresponde a 2% do mercado de telefonia móvel mundial. Conforme o executivo, o mercado financeiro deve ser pioneiro na utilização deste serviço, seguido pelas grandes varejistas, como a rede de supermercados Carrefour, que já atua como operadora móvel virtual em países como França, Espanha e Bélgica. "Para o setor bancário, a entrada nos operadores móveis virtuais vai resolver o problema de internet banking via celular, uma vez que vai permitir efetuar transações financeiras com segurança", diz Osato. Ele acrescenta que até hoje, outro aspecto que dificultava a viabilização desse tipo de serviço era a discussão entre bancos e operadoras de telefonia para saber quem ficaria com a margem operacional. "Com o MVNO o banco pode ficar com tudo", explica Renato Osato.
De acordo com o executivo, o MVNO não tem como objetivo ser a principal atividade de uma empresa, mas ser uma ferramenta para impulsionar os negócios no segmento que ela já atua. "Um bom exemplo é o uso dos operadores virtuais por redes de supermercados. O cliente pode receber promoções e descontos em seu celular e promoções do tipo a cada valor gasto em compras é revertido em minutos para o consumidor", diz. Isso quer dizer que a entrada dessa ferramenta no mercado não necessariamente implica redução de custos, funcionando mais como um pacote de vantagens para fidelizar o cliente de uma marca.
Estimativas
Para Osato, ainda não há estimativas de quanto a entrada dos MVNOs no mercado deve gerar de receita ou de usuários. Para o executivo, o sucesso da tecnologia dependerá dos diferenciais de marketing. "Quem conseguir atrair seus clientes, com flexibilidade e agilidade para implementar novos produtos e serviços, e, principalmente, com uma estrutura de custo enxuta, vai ter êxito nesse mercado".
A regulamentação dos MVNOs no Brasil, aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em novembro do ano passado, prevê dois tipos de operador virtual: o credenciado, que poderá alugar as redes das operadoras para prestar o serviço, e o autorizado, que terá obrigações semelhantes às de uma empresa de telefonia móvel normal. "A maioria das empresas que têm nos procurado se mostra interessada no modelo de autorizada, porque neste caso a empresa que oferece o operador virtual é dona da relação com o cliente, o que traz mais valor agregado ao serviço. Já o modelo credenciado basicamente consiste em colocar o logo da marca no celular."
Entretanto, é importante ressaltar que, no modelo credenciado é possível ao operador virtual mudar de prestadora caso não esteja satisfeito com o serviço, algo semelhante à portabilidade que existe hoje para o usuário final. Já os autorizados terão obrigações semelhantes às da empresa de telefonia móvel e serão fiscalizados pelo órgão regulador.
Osato conta que outro importante nicho a ser explorado é a telefonia voltada para grupos étnicos, a exemplo do que ocorre na Itália, com a Daily Telecom, com foco nos imigrantes chineses que vivem naquele país. "Hoje a DT possui 90% deste mercado, pois somente este serviço tem conteúdo em chinês."
No o mercado brasileiro, uma oportunidade seria fazer o mesmo com os coreanos do Bom Retiro, em São Paulo, por exemplo. Ele acrescenta que novas entrantes, como a Nextel, que recentemente adquiriu espectro para ampliar sua atuação, podem apoiar MVNOs como forma de diferenciar-se e de atrair clientes.
Para o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, a entrada dos operadores virtuais vai aumentar a competição no setor e sua abrangência. "O objetivo é ampliar a oferta de serviços e a competição no setor de telefonia móvel", afirmou.
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