Globalização vs. nacionalismo
Um tema e que ainda provoca debates é a preocupação com a “desnacionalização” não apenas das telecomunicações, mas de toda a economia brasileira. Entre os leitores que me sugerem analisar o tema está o engenheiro e professor Ovídio Barradas, ex-diretor da Embratel e de diversas outras empresas privadas desse setor, um dos mais respeitáveis profissionais de telecomunicações do País.
Num contraponto à minha indignação com a política externa brasileira de “neutralidade” diante Kadafi e de apoio explícito a outros ditadores sanguinários, Barradas diz que sua maior preocupação não é com a política externa, mas com os problemas internos, a começar da presença estrangeira na economia como um todo e, em especial, nas telecomunicações.
Para Barradas, “nesse setor, os brasileiros são extrema minoria, quanto ao poder de decisão”. E o mesmo acontece na indústria automobilística, nos bancos, na indústria de alimentos e outros. E faz diversas perguntas sobre as causas dessa situação geral: “Será isso falta de competência? Falta de dinheiro? Ou um comodismo político entreguista, que não dá apoio e incentivo aos empreendedores e talentos nativos?”
Na mesma linha, o leitor José Luiz Pinto da Fonseca estranha a falta de apetite dos investidores brasileiros diante das telecomunicações: “Por que nosso sistema de comunicação passa a cada dia mais para as mãos de empresas estrangeiras? Será falta de dinheiro de empresários brasileiros, falta de interesse ou de competência mesmo? Para onde foram os brasileiros que antes dirigiam a Telesp e outras? Ou foi o BNDES que não os financiou?”
Já pensei dessa forma, num passado distante, numa visão a que eu chamaria de “nacionalismo sentimental”. Essa era a visão dominante de minha geração nos anos 1950 e 1960, muito antes do processo de globalização. Creio que o mundo atual não nos permite raciocinar com os mesmos argumentos de 50 anos atrás.
Respeito os patriotas que estão preocupados com a necessidade de uma economia inteiramente controlada por brasileiros. Para eles, o importante é o “poder de decisão” estar nas mãos de brasileiros – mesmo que a população não tenha acesso aos benefícios do desenvolvimento ou da tecnologia. Isso me lembra o passado, quando nossas riquezas minerais permaneciam debaixo da terra, e isso era prova de “soberania”.
É claro que eu gostaria que os brasileiros fossem donos de tudo em nossa economia. Adoraria, sim, que todo “poder de decisão” estivesse em mãos de cidadãos nascidos neste País. Não sei, entretanto, se os resultados dessa situação seriam os melhores, mas meu sentimento de brasilidade estaria inflado e feliz. Fui estudar o problema com mais profundidade e descobri, com base nos dados do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que a presença do capital estrangeiro na economia brasileira não chega a gerar sequer 20% desse produto. Não vejo como preocupante esse “poder de decisão”.
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