Planos pré-pagos estão mais baratos e com mais serviços

Aos poucos, o celular pré-pago vai deixando de ser conhecido como "pai de santo", o que só recebe ligações. Com promoções cada vez mais agressivas, as operadoras estão colocando os donos dos telefones "de cartão" não só para ouvir e falar, mas para mandar torpedos e acessar a internet. "As promoções são muito convidativas. Para quem usa muito, são um bom negócio", atesta o presidente da Teleco, consultoria especializada no setor, Eduardo Tude. Ele explica que essa movimentação começou com as ligações, e, agora, chega aos serviços de dados. Nos últimos meses, as operadoras iniciaram um leilão às avessas para provar quem cobra menos pelo acesso à internet. A TIM lançou o Infinity Web, com tarifa de R$ 0,50 por dia. Em seguida, Claro e Vivo anunciaram, respectivamente, valores de R$ 0,39 e R$ 0,33 ao dia pelo serviço. Efetivamente, apenas a TIM cobre por dia de serviço prestado - as outras têm pacotes mensais que, proporcionalmente, resultam em centavos diários. "Elas competem com as lan houses", diz Tude. Além dessas ofertas, as empresas oferecem também ligações e SMS a preços módicos em ofertas que, muitas vezes, não estão disponíveis no pós-pago. Enquanto as operadoras brigam, os clientes aproveitam. O supervisor de telemarketing Rafael Felipe de Matos tem dois chips para aproveitar melhor as ofertas de cada empresa. Com o da Oi, ele faz mais ligações. "Toda a minha rede de contatos é Oi e, como ganho bônus, ligo mesmo", explica. Com o da TIM, ele acessa dados. "Antes, eu não usava a internet no celular porque era caríssimo. Agora, ficou realmente barato", diz ele, que costuma checar e-mails e acessar redes sociais. "É viciante", define. O universitário Rafael Sena também aderiu a uma promoção e agora fala sem parar. "Em só recebia ligações. Agora, a promoção me faz usar muito. Às vezes, até deixo de ligar do fixo para aproveitar meus bônus", afirma ele, que faz recargas mensais de R$ 18 e recebe R$ 250 em bônus da Vivo. "É um novo mercado e temos que criar condições para que cada vez mais pessoas possam se conectar", diz o diretor de pessoa física da Vivo, Nuno Cadima. Anatel terá regras mais rígidas Além de oferecerem muitas promoções, as empresas também terão que garantir mais qualidade aos sistemas. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu ser mais dura com as operadoras de telefonia e mudou as metas do Índice de Desempenho no Atendimento (IDA), que avalia como as empresas estão atendendo os consumidores com base em critérios como soluções de queixas e redução de reincidências. As novas metas reduzem, por exemplo, o percentual aceitável de reincidência de 2% para 1%. A resolução de problemas dentro do prazo tem que ser de 85% e não mais de 82% em todos os casos (telefonia móvel, fixa e longa distância). Quem descumpre as metas pode ser punido pela Anatel. Valor baixo resulta em bom lucro De centavo em centavo, as operadoras garantem um bom faturamento no pré-pago. "Já temos 8 milhões de usuários de internet pré-paga. É um nicho que se cria onde a gente não faturava nada", diz o diretor da TIM em Minas Gerais, Fernando Mota. O presidente da Teleco, Eduardo Tude, explica que as redes já estão instaladas e é vantajoso aumentar o seu uso. "Se tiverem que fazer investimentos em expansão, melhor", diz. A TIM vai destinar 80% dos investimentos de 2011 para a rede e a Vivo prevê levar a cobertura 3G a quatro novas cidades por dia. Mais vantagem do que pós-pago As vantagens oferecidas para o celular pré-pago são tantas que, em alguns casos, superam as do pós-pago. Para uso de internet, por exemplo, de TIM, Vivo e Claro são mais baratas do que os R$ 29,90 mensais cobrados, em média, para o acesso ilimitado de quem tem uma linha pós-paga. Mesmo assim, especialistas e operadoras dizem que os segmentos não concorrem entre si. "São perfis de uso diferentes. O que as operadoras estão fazendo é criar um novo mercado no pré-pago", diz o presidente da Teleco, Eduardo Tude. Os números da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) confirmam o que ele diz. De fevereiro de 2010 ao mesmo mês deste ano, o mercado de celular passou de 140 milhões de linhas para 207 milhões, mas a participação dos pré-pagos se manteve estável na casa dos 82%. O diretor regional da Claro em Minas, Ricardo César de Oliveira, diz que o tipo de uso que cada cliente faz do celular é diferente. "São coisas distintas. O uso do pós-pago é muito mais intenso, por isso, ele não usa a banda larga só no celular, usa também no notebook ou no PC como a internet principal da casa", diz. O diretor da TIM no Estado, Fernando Mota, diz que a empresa oferece outras vantagens no pós-pago. "Não se pode analisar apenas um atributo isoladamente. No pós-pago, temos mais serviços e ofertas de aparelhos desbloqueados", diz. Ele completa que a operadora busca sempre novidades para "não deixar isso (o pré-pago ser mais vantajoso" acontecer. Uma das diferenças está nas chamadas para celulares de outras operadoras. No caso do pré-pago as tarifas superam R$ 1, mas nos telefones "de conta", o valor fica na casa dos centavos, variando de acordo com o plano do cliente. Quanto maior a franquia - e a mensalidade - do plano, menor o valor pago. Mercado cresce 47% em um ano De fevereiro de 2010 a fevereiro de 2011, o mercado de celulares no Brasil cresceu 47,8%. Hoje, o país tem mais de 207 milhões de celulares, ou 106 linhas para cada grupo de cem habitantes. A Vivo é líder de mercado, com 29,55% do total, seguida pela Claro (25,47%), TIM (25,16%) e OI (19,47%). Empresas com atuação regional como a CTBC Telecom e a Sercomtel completam a lista com os outros 0,35% do mercado. O mercado vem crescendo tanto que as possibilidades de combinações numéricas estão se esgotando. Tanto que na região metropolitana de São Paulo a Anatel já autorizou que os números comecem com 5, série antes só usada para telefones fixos. Preço agora é por chamada Até pouco tempo atrás, o consumidor falava ao celular de olho no relógio. Agora, as operadoras distribuem bônus e oferecem o conceito de "chamada", com cobrança única a cada ligação. Na TIM, a ligação custa R$ 0,25 para qualquer celular da operadora no Brasil e R$ 0,50 para ligações locais para telefones fixos. Na Claro, o preço é de R$ 0,25 para chamadas entre números da operadora, inclusive de longa distância. "O conceito não é mais por minuto, é deixar a pessoa falar", diz o diretor da TIM em Minas Gerais, Fernando Mota. Para aumentar o uso do pré-pago, a Vivo e a OI optam por entrega de bônus aos clientes. Conforme o valor da recarga, o usuário ganha um determinado valor em bônus. Para SMS, as empresas também usam o conceito de utilização ilimitada. Na Vivo, os clientes Vivo on, que fazem recarga de R$ 25 por mês, podem enviar quantas mensagens quiserem durante o mês. Na TIM, o valor é de R$ 0,50 por dia de uso. A professora Fabiana Barbosa aproveitou. "Viajei no Carnaval e enviei muitos torpedos todos os dias. É mais barato do que pagar deslocamento", diz. O Tempo

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