Tráfego de dados irá quadruplicar no Brasil

São Paulo - O tráfego de dados móveis no Brasil aumentará em até quatro vezes nos próximos quatro anos, com taxa anual de crescimento da ordem de 108%, segundo projeção do estudo Previsão Global de Dados Móveis do Índice de Redes Visuais, feito pela empresa Cisco. Conforme o relatório, a presença de tablets (computadores de mão) no mercado brasileiro deverá crescer 81 vezes entre 2010 e 2015, somando mais de 5,7 milhões de unidades. A Cisco projeta ainda que a média prevista de dispositivos móveis conectados em 2015 deve ser de 1,2 aparelho por pessoa no País, com mais de 246 milhões de unidades. Para Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco, o aumento dos dados móveis no País vai acontecer em função da popularização dos smartphones e das iniciativas das operadoras de telefonia em criar tarifas adequadas ao perfil do brasileiro. "O aumento de dados por conta de tablets, bem como sua aquisição por parte do nosso consumidor, eu ainda acho uma coisa distante. São pouco populares por aqui. Por outro lado, o número de usuários de smartphones na classe C pode contribuir para o crescimento do tráfego de dados. Tem o problema da nossa infraestrutura de redes que ainda precisa melhorar", explica Tude. Segundo o estudo da Cisco, é exatamente o efeito de popularização dos aparelhos móveis 3G que vão alavancar o crescimento do tráfego de dados. Em quatro anos, a média de dispositivos móveis conectados deve ser de 1,2 equipamento por pessoa, equivalente a 246 milhões de unidades. Para Rodrigo Abreu, presidente da Cisco Brasil, o incremento no tráfego de dados no País está relacionado ao aumento do uso de tablets e smartphones. "Além do aumento do consumo de conteúdo de vídeo móvel", completa. O levantamento aponta também que até a 2015 previsão é que 49% dos usuários de internet estejam conectados exclusivamente por dispositivos móveis, chegando a 32 milhões usuários com esse perfil. Ainda pouco populares no país (sobretudo em função dos preços do equipamento e da internet móvel), os tablets chegarão a somar mais de de 5,7 milhões de unidades até o fim de 2015. Até o fim de 2011, a previsão é que marcas como Asus, Motorola, Positivo, Itautec apresentem novos modelos de portáteis ao mercado brasileiro. A fabricante sul-coreana Samsung, que também tem previsão de lançamento do seu tablet ainda para este ano, espera para 2011 conquistar ao menos 50% do market share do país, que deve fechar este ano com algo em torno de 400 mil unidades, de acordo com estudos da consultoria IDC. O número é considerado bem abaixo dos 35 milhões de PCs que devem ser vendidos em 2011. O número de smartphones deve apresentar um crescimento quatro vezes maior chegando a 58 milhões de unidades no país. De acordo com a Cisco, o mercado de "celulares inteligentes" vai ultrapassar o de laptops. Outra pesquisa também, agora da empresa Gartner, revisou nesta semana sua projeção de gastos com Tecnologia da Informação (TI) em 2011. A alteração se deve, principalmente, às fortes vendas de tablets no ano passado, com destaque para o iPad, da Apple. A estimativa foi elevada em 5,6% e agora está na casa dos 3,6 trilhões de dólares, sendo 1 trilhão só nos Estados Unidos. Segundo a empresa, o preço dos tablets deve cair pela metade até 2015. Em 2010, 17,6 milhões desses dispositivos foram comercializados, ao valor médio de US$ 543. Já para este ano, a Gartner espera a distribuição de 69,5 milhões de unidades, a US$ 423 em média. Esse custo deverá cair para US$ 300 em 2013, chegando a US$ 263 em 2015, ano em que serão vendidos 295 milhões de tablets. O aumento nas vendas dos portáteis, porém, causará a redução na receita com PCs (computadores de mesa), afirma a empresa. Fabricantes como Dell e HP, também admitem esta tendência. Segundo Richard Gordon, analista da Gartner, o momento é positivo apesar do que pode acontecer com as vendas de PCs. "O mercado saiu do crescimento zero de dois anos atrás para uma expectativa otimista como a de agora". Se em 2010 os consumidores gastaram 10 bilhões com tablets, em 2011 este índice subirá para 29 bilhões. Aproximação A operadora TIM (empresa no Brasil pertencente à operadora Telecom Italia) lançou recentemente novos planos de internet no mercado destinados aos usuários de smartphone, de tablet e de computador. Os preços variam de acordo com o dispositivo usado para acessar a Web. O plano mais barato é o Liberty Web Smart, destinado a celulares e smartphones. Ele tem valor de R$ 29,90 por mês, com acesso ilimitado. A velocidade é de 300 Kbps e a tarifa só é cobrada quando o cliente utiliza o serviço. Os outros planos são o TIM Liberty Web Tablet e o TIM Liberty Web Modem. O primeiro é exclusivo para tablets. Com acesso ilimitado, o valor mensal da tarifa é de R$ 49,90. O segundo destina-se aos usuários que acessam a internet pelo computador. O menor valor é R$ 79,90. Mas esse preço depende do número de horas escolhido. A operadora promete não cobrar excedente de dados nos novos planos de internet. Além disso, os usuários dos novos planos da empresa podem navegar sem custo algum nos horários alternativos, da meia-noite às 8 horas da manhã. A operadora Oi (antiga Telemar), por sua vez, lançou no final do ano passado o Internet pra Tudo, que tem como objetivo destacar as formas de conexão que a empresa oferece para diferentes perfis de usuário. A operadora oferece o Oi Velox de até 100 Mb, o Internet pra Levar, com o Oi Velox 3G com até 1Mb, e o Oi Dados para celulares. Imprevistos A grande preocupação do mercado de tablets, e também outros dispositivos eletrônicos, é quanto à influência que os confrontos no Oriente Médio e os desastres naturais do Japão terão sobre o consumo de bens nos próximos meses. "Por enquanto, não estamos propensos a fazer qualquer mudança em nossas projeções, já que ainda estamos estudando o impacto dos acontecimentos recentes", afirmou Richard Gordon.

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