Anatel apura se ligação da TIM cai de propósito

TELEFONIA Relatório de fiscalização da agência verifica que ligações feitas pelo plano
remunerado por quantidade de chamadas (Infinty) são interrompidas com frequência quatro
vezes superior à de outros pacotes

BRASÍLIA As interrupções de chamadas da TIM são mais frequentes para clientes do plano
Infinity, no qual a tarifa é cobrada por ligação. A informação está em relatório de
fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de 30 de maio passado,
divulgado ontem pela Folha de S. Paulo. Segundo o documento, o índice médio de
desligamentos no Infinity pela operadora é de 35,23%, quatro vezes maior do que a média
fora do plano. Hoje 97,6% dos 58,87 milhões de clientes da TIM usam o plano Infinity,
lançado em 2009. A oferta permite que o cliente pague R$ 0,25 por ligação,
independentemente do tempo que ela durar. Ontem, após a polêmica causada pela
divulgação do relatório da Anatel, a empresa negou, por meio de nota, que as quedas nas
chamadas de clientes Infinity sejam propositais. A empresa afirmou também que o relatório
da Anatel contém graves erros de processamento, que alteram as informações apresentadas
e levam a conclusões errada. De toda forma, a Anatel afirma que vai analisar o relatório,
garantir o direito de defesa à TIM e julgar as informações contidas no documento.
O relatório da Anatel aponta que o índice de interrupção das chamadas é maior quando a
cobrança é por ligação e não por minuto. No plano Infinity, cerca de 40% das chamadas com
cinco minutos de duração são interrompidas pela TIM, contra 10% fora do plano. Nas
chamadas de 80 minutos, os índices são maiores: 50% para o Infinity e 20% para as ligações
feitas fora do Infinity. Os indicadores estão bem acima da meta de qualidade da Anatel - de
2%. Ratifica-se que a rede da prestadora trata de forma desigual os clientes dos planos não
Infinity e planos Infinity, havendo maior taxa de desligamento deste em relação ao outro.
Em consequência, os usuários do plano Infinity são obrigados a realizar novas ligações para
completar as comunicações, diz o relatório.
A TIM reage: Uma coisa é queda de chamada, outra coisa é essa alegação absolutamente
absurda de derrubada de chamada, afirmou o diretor de Assuntos Regulatórios da TIM, Mario
Girasole. Se isso for provado, é crime. Se não for provado, significa que a qualidade de
fiscalização não era do nível que normalmente a Anatel costuma ter em suas atividades
técnicas, completou.
O presidente da Anatel, João Rezende, disse que o relatório de fiscalização é preliminar e
não tem julgamento de mérito. Segundo ele, é preciso aguardar a conclusão do processo
administrativo, que será julgado pelo conselho do órgão regulador. Rezende ressaltou que a
empresa terá direito de defesa e evitou adiantar novas punições. Na sexta-feira passada, a
Anatel liberou TIM, Oi e Claro para que voltassem a vender chips. Dias antes, as empresas (a
TIM foi a mais punida) foram proibidas de vender linhas por causa do crescimento das
reclamações de consumidores. Em Pernambuco, só a TIM foi atingida porque, das três, é a
mais criticada pelos clientes na Anatel.

BANDA LARGA

A Anatel prometeu ontem passar um pente fino nas empresas de banda larga, fixa e móvel, a
partir de novembro. De acordo com o presidente da agência, serão instalados 12 mil
equipamentos para aferir a velocidade e a estabilidade da internet em todos os Estados.
Vamos fazer esse acompanhamento para detectar quais são os problemas na internet,
principalmente nesses pacotes, disse. A agência também pretende incluir nos próximos
leilões de telefonia móvel a obrigação de as operadoras oferecerem sinal para chamadas e
conexão de internet ao longo das principais estradas.
A medida deve alcançar a licitação da frequência de 700 MHz, nova possibilidade para
implementação da tecnologia 4G banda larga móvel que permite download dez vezes mais
rápido que a 3G.
Segundo Rezende, a obrigação não deve afetar o recente leilão da frequência de 2,5 GHz,
que teve quatro ganhadoras: TIM, Oi, Claro e Vivo.

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