Uma nova e interessante estratégia da Embratel para
o mercado de serviços triple-play começa a se desenhar. Alguns
fornecedores foram sondados sobre uma RFP para a construção de uma rede
HFC. Ou seja, ao que tudo indica, a Embratel está cogitando a hipótese
de fazer uma rede híbrida de fibras e cabos coaxiais própria.
Segundo
informações de mercado, a chamada aos fornecedores é para uma rede de
cerca de 1 milhão de homes passed, o que equivale a mais ou menos um
décimo da rede atual da Net Serviços. Dependendo da densidade da rede,
seria algo em torno de 10 mil km de uma rede de 1 GHz, considerada o
estado da arte em redes HFC.
As fontes ouvidas por esse noticiário têm poucos detalhes
sobre como seria a estratégia da Embratel, mas é evidente, pelo tamanho
da encomenda, que a tele não vai construir rede onde a Net Serviços já
está, até porque, com a mudança na legislação que o PL 29/2007 poderá
provocar depois de aprovado, a Embratel assumirá inexoravelmente o
controle da Net. Essa operação é esperada desde a entrada da Telmex no
capital da Net, em 2004, e só depende do sinal verde regulatório.
O mais provável, especulam observadores do mercado, é que a
Embratel esteja buscando uma forma de complementar a rede da Net onde a
cobertura ainda é deficiente, em cidades em que a Net não está. A tele
poderia, então, passar a oferecer, por essa nova rede HFC, serviços de
banda larga e voz. Já o serviço de TV paga viria pelo DTH, que já cobre
todo o país. Quando houver a liberalização do mercado de TV paga, a
Embratel (ou a Net) assumiria a operação de TV por assinatura nessa
nova rede. O mais provável, especulam os analistas, é que sejam cidades
de interior ou regiões metropolitanas adjacentes a cidades em que a Net
opera. Com isso, a Embratel teria a cobertura na maior parte das
cidades brasileiras com alto potencial de consumo. Hoje, a Net Serviços
já cobre quase 50% do Potencial de Consumo brasileiro, segundo dados
compilados pelo Atlas Brasileiro de Telecomunicações editado pela
TELETIME.
Vale lembrar que a Embratel tem ainda o direito de uso da
faixa de 3,5 GHz em todo o Brasil, o que permite a oferta de serviços
com a tecnologia WiMAX.
TV Cidade
Existe também uma questão ainda não muito clara que é sobre a
necessidade ou não da ampliação dessa infraestrutura em algumas cidades
importantes, como Recife, Salvador ou Niterói, praças em que a TV
Cidade opera TV a cabo e onde a Net Serviços não tem rede (a não ser
MMDS, em Recife). Há muito tempo, são recorrentes os rumores de mercado
de que a TV Cidade mantém conversas com a Net para uma possível
aquisição da primeira pela segunda. Mas a finalização do acordo, ao que
tudo indica, passa pelo equacionamento da dívida da TV Cidade com a
Furukawa. Trata-se de um contencioso judicial em que a empresa
fornecedora, recentemente, conseguiu o direito de leiloar a rede da TV
Cidade por um preço próximo a R$ 70 milhões.
Nessa disputa judicial existe um porém: a TV Cidade, em algum
momento, teria dado como garantia à Furukawa não apenas a rede, mas
também suas concessões, o que a Anatel não permite. Para a agência, por
outro lado, se a TV Cidade opera com rede própria ou não, é
indiferente. Assim, é possível que apenas depois que o imbroglio entre
TV Cidade e Furukawa se definir é que o mercado saberá se a Net está,
de fato, interessada em adquirir também esta operadora de cabo. E
apenas depois disso é que a cobertura da Net estará consolidada. De
qualquer maneira, a julgar pela estratégia da Embratel, o uso da rede
de cabos para a oferta de triple play está dando bons resultados.
Samuel Possebon
Fonte: http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=158532
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