: Luís Osvaldo
Grossmann
::
Convergência
Digital
Falta
de transparência, decisões que beneficiam as empresas e não os
consumidores, ineficiência no atendimento às reclamações e distorções no
setor constituem os principais pontos do relatório anual da Ouvidoria
da Anatel, antecipados nesta sexta-feira, 26/3, ao Conselho Consultivo
da agência.
"Abaixo a caixa-preta", disparou o ouvidor Nilberto Miranda logo na
abertura de sua exposição, referindo-se à falta de transparência. A
apresentação foi recheada de críticas à atuação do órgão regulador,
especialmente no que se refere a um trabalho que parece ser muito mais
voltado ao benefício das empresas que dos clientes.
"O que mais nos chama a atenção nesses nove anos [desde que a
Ouvidoria foi criada], é que não obstante os diversos momentos
políticos, as variações da composição do Conselho Diretor e os
diferentes perfis dos titulares da Ouvidoria, os relatórios se
assemelham e apontam sempre para um desequilíbrio no relacionamento da
agência, sempre mais próximo do setor regulado e menos próximo da
sociedade", disse Miranda.
Após uma breve passagem pelo que entende como pontos positivos – como
a incorporação do Código de Defesa do Consumidor nos regulamentos ou a
tarifação por minutos, no lugar da cobrança por pulsos e o advento da
portabilidade – o ouvidor voltou à carga das falhas observadas.
Miranda destacou que a agência simplesmente repassa as reclamações
dos usuários às empresas, sem controle do processo e lamentou a demora
na conclusão dos Procedimentos de Apuração de Descumprimento de
Obrigações (PADOs) pelo grande número de casos inconclusos e com
iminentes prescrições, além das sanções terem valores que não estimulam o
correto cumprimento das determinações da agência.
Nesse território, o ouvidor reclamou do episódio do Informe das
Multas, quando a própria agência municiou as operadoras com
questionamentos sobre a razoabilidade das multas aplicadas, num
documento que foi incluído em 180 PADOs. "O próprio órgão sancionador
passou a oferecer argumentos para que o sancionado questione o
sancionador", afirmou.
Criticou, ainda, o mau uso dos planos alternativos de telefonia, os
quais acabam sendo mais onerosos aos consumidores que os básicos. Também
disparou contra as cláusulas de fidelidade e suas multas como
instrumento de pressão aos clientes.Reclamou ainda o peso do faturamento
com a assinatura básica, que representa 61% das receitas com serviços
locais e 25% da Receita Operacional Bruta das concessionárias.
O relatório da Ouvidoria dedica-se, também, a questionar a atuação da
Anatel na autorização da compra da Brasil Telecom pela Oi,
especialmente por ter dado margem para que a incorporação tenha causado
demissões pelo menos 6 mil empregados.
Nesse ponto, o representante das empresas no Conselho Consultivo,
Luiz Francisco Perrone – que também é diretor da Oi – sustentou que as
contrapartidas exigidas pela Anatel foram cumpridas. O que levou à
ponderação de outros conselheiros de que o problema existe justamente no
grau de contrapartidas determinadas pela Anatel.
Miranda lembrou que a agência ainda precisa se debruçar sobre
questões muito importantes relacionadas ao setor de telecomunicações,
como a desagregação de redes, e a modelagem de custos.
E, finalmente, sintetizou as críticas à atuação do órgão regulador na
forma como o trabalho se reflete entre os clientes. Ele insistiu que os
segmentos regulados pela Anatel representam, juntos, cerca de 62% das
reclamações relacionados ao Serviço de Atendimento ao Consumidor,
conforme relatório do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor
(DPDC), do Ministério da Justiça.
“É enorme o volume de reclamações. É sistemático o posicionamento dos
vários órgãos de defesa do consumidor, públicos e privados, e da
imprensa com críticas contundentes ao setor, todos expressando
insatisfação da sociedade. Essa é uma realidade incontestável”, conclui o
ouvidor da Anatel.
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