Luís Osvaldo Grossmann
Convergência Digital
Nesta
terça-feira, 2/3, o serviço da portabilidade numérica - direito de
todos os clientes da telefonia no país poderem mudar de operadora
mantendo o número do telefone - completa um ano. Até aqui, segundo
informa a ABR Telecom, empresa gestora do produto, 5,18 milhões de
consumidores pediram para fazer a mudança de prestadora, embora apenas
4,02 milhões tenham efetivamente completado a troca.
Parece pouco diante de dois dados do setor: a existência de 217,3
milhões de acessos fixos e móveis no país e a liderança absoluta no
número de reclamações junto a órgãos de defesa do consumidor. Diante da
base de assinantes, apenas 2,3% dos clientes pediram para trocar de
operadora com manutenção do número, sendo que somente 1,8% concluíram a
mudança.
Para a Anatel, no entanto, esses números não podem ser considerados
pequenos. "Eles refletem a procura dos usuários, que são os detentores
do direito e os responsáveis pelos pedidos de portabilidade. E sucesso
mesmo será quando a portabilidade for zero, pois significará que os
consumidores estão satisfeitos", avalia o representante da agência no
Grupo de Implementação da Portabilidade Numérica, Adeilson Evangelista
Nascimento.
Por outro lado, ele lembra que há consumidores que trocam de
operadora sem o benefício da portabilidade, ou seja, que não se
importam em receber um novo número e que, portanto, o sistema em si não
reflete totalmente o grau de satisfação dos consumidores com o serviço.
Nascimento sustenta, ainda, que a diferença entre o número de
pedidos de portabilidade e as migrações efetivamente concluídas reflete
a busca das operadoras para melhorarem o relacionamento com seus
clientes de forma a os manterem na base de assinantes. “Nos dois dias
que o usuário tem para desistir há um jogo de negociação. Ele pode
receber uma proposta melhor da sua operadora original”.
Ou seja, a ferramenta da portabilidade, na visão da agência, também
obriga as empresas a melhorarem as condições dos contratos. “Se a
operadora não se mexer, não fizer uma contraoferta, vai perder o
cliente”, diz o representante da Anatel. É nesse sentido que a
portabilidade “tem atendido as expectativas da agência”.
De acordo com dados da ABR Telecom, dos 5,18 milhões de pedidos para
troca de operadora, 3,44 milhões foram feitos por clientes da telefonia
móvel e 1,74 milhões da telefonia fixa. E dos 4,02 milhões de migrações
concluídas, 2,81 milhões são da móvel e 1,21 milhões da fixa.
Prazo menor
Como previsto nas regras da portabilidade, o sistema passará por sua
primeira mudança neste mês. A partir do dia 11, o tempo de
transferência estabelecido pelo Regulamento Geral de Portabilidade será
de três dias úteis, menor, portanto, que os cinco dias úteis atuais.
Segundo o presidente da ABR Telecom, José Moreira, “o sistema
desenvolvido para suportar os procedimentos desta nova fase da
portabilidade já está pronto para entrada em operação”.
Em nota, o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, avalia que "a
redução do prazo de cinco para três dias úteis acelera o processo de
migração e proporciona maior comodidade aos usuários. Além disso, exige
maior eficiência das prestadoras". Também segundo Sardenberg, "o número
de pedidos de portabilidade concluídos representa um dado importante
para reflexão e não deve ser desprezado. Ressalte-se que a
portabilidade é um processo contínuo e ascendente".
A Anatel ainda não pensa em outras modificações no sistema, mas
admite que está acompanhando o que acontece em outros países. “A União
Europeia já discute as diretrizes para baixar esse prazo de
transferência para 24 horas. Vamos ver como as coisas evoluem e,
eventualmente, pensar em adotar algo semelhante no Brasil”, diz
Adeilson Nascimento.
Convergência Digital
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