Luiz
Queiroz
::
Convergência
Digital
O
Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) se prontificou
junto ao Comitê de Inclusão Digital do governo para assumir o papel de
gestora da rede nacional de banda larga, caso o governo desista de
operar através da Telebrás. O presidente do Serpro, Marcos Mazoni, teria
manifestado interesse de ver a estatal engajada no projeto, em
contraponto à proposta de reativação da Telebrás, constantemente
torpedeada pelas empresas de telefonia, Ministério das Comunicações e
Anatel.
Mazoni tem lembrado junto à cúpula de inclusão digital que a empresa,
embora tenha seu foco voltado para a prestação de serviços de
processamento de dados, também entrou fortemente no mercado de
provimento de rede de transmissão de dados, voz e imagens, através da
Infovia Brasília - na qualidade de prestadora de Serviços de Comunicação
Multimídia (SCM).
Além disso, o Serpro teria melhores condições de agilizar o processo
de criação da rede nacional de banda larga. Isso porque dispõe dos
principais requisitos que o governo tem usado para justificar a
reativação da Telebrás. O primeiro requisito seria o fato de que o
Serpro é uma empresa completamente pronta para operar a rede.
Outro fator que poderia contribuir é que a empresa está amparada na
Lei de Licitações para efetivar a venda de serviços aos organismos
públicos através da dispensa de licitação, medida que agilizaria a
implantação da rede do PNBL.
Como é uma empresa de processamento de dados, o Serpro traria um
ganho de escala para o Plano Nacional de Banda Larga, ao não
precisar contratar equipe qualificada para desenvolver sistemas voltados
para inclusão digital e governo eletrônico junto à iniciativa privada.
Embora sejam bons argumentos, o Serpro também não vem escapando de
algumas criticas, dentro e fora do governo, como no caso da Telebrás.
Alguns ministérios têm se queixado da qualidade dos serviços de
informática prestados pela estatal.
A Receita Federal, por exemplo, tem convivido com constantes falhas
nos programas geradores de declarações de arrecadação de impostos de
Pessoas Jurídicas, tal como o anunciado pelo fisco nesta terça-feira,
30, sobre falha no sistema do Simples Nacional (Leia
matéria no Convergência Digital).
No mercado privado, a maior opositora com relação à presença do
Serpro no provimento de rede de Comunicação Multimídia tem sido a Oi. O
presidente da concessionária, Luiz Eduardo Falco, já questionou o fato
de o Serpro vender um serviço de Telecomunicações sem passar por
processo licitatório, como qualquer outra empresa do setor.Falco também
se queixou da estatal do não recolhimento de impostos por parte da
empresa, pelo menos, não no mesmo patamar de carga tributária imposta às
empresas de telefonia.
PNBL
Durante audiência pública realizada nesta terça-feira, 30/03, pela
Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara
dos Deputados, o secretário de Logística e Tecnologia da Informação,
Rogério Santanna, disse que o Serpro também tem condições de gerenciar a
rede nacional de banda larga do governo.
Segundo ele, esse assunto está em discussão dentro do Comitê de
Inclusão Digital como uma alternativa para o caso da proposta de
reativação da Telebrás ter de ser revista. No entanto, Santanna lembrou
que a reativação ou não da Telebrás será uma decisão final do
presidente Lula.
Há cerca de um mês e meio, o presidente chegou a manifestar
publicamente o seu interesse de reativar a Telebrás. Lula chegou a dizer
que ela ainda 'dará lucro'. Mas nas últimas semanas, a proposta tem
sido bombardeada por diversos grupos dentro e fora do governo, deixando
sérias fraturas expostas na estatal, as quais acabam se refletindo no
mercado financeiro
Durante a audiência pública na CCTCI, os defensores da reativação da
Telebrás - como Rogério Santanna - ganharam um aliado de peso. O
ex-presidente da Anatel, Pedro Jaime Ziller, defendeu a presença do
governo no mercado de provimento de banda larga, como forma de cobrir um
hiato deixado pelas empresas de telefonia, as quais por questões
comerciais não vêem atrativo algum em atender a cerca de dois mil
municipios que não dispõem de acesso por banda larga.
Ziller defendeu ainda que a Telebrás opere em parceiria com Estados
municípios em projetos de inclusão digital em regime público, com a
Anatel destinando faixas de frequências de 450 Mhz e 2,5 Mhz para
garantir o acesso na última milha, sobretudo em áreas rurais.
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