A decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de obrigar a
gratuidade do desbloqueio de celulares para que o consumidor escolha a
operadora que desejar deve impactar os atuais e futuros clientes da
Vivo, maior operadora de telefonia celular do País. Esses consumidores
podem perder os subsídios oferecidos pela companhia em aparelhos em
troca da fidelização.
"Todos os contratos de fidelidade que
existiram no passado foram por conta de algum benefício concedido ao
consumidor e é óbvio que se você dá algum subsídio, terá algum contrato
de fidelização. Provavelmente essa dinâmica vai ser um pouco alterada
daqui para a frente", admitiu Antônio Carlos Valente, presidente do
Grupo Telefônica no Brasil, empresa que divide com a Portugal Telecom o
controle da Vivo.
Valente, que passa o dia de hoje em Ribeirão
Preto (SP) em reuniões e encontros com funcionários, políticos e grandes
clientes, procurou minimizar a pressão da companhia sobre a Anatel em
relação ao assunto. Ele afirmou que "a decisão que vier em benefício do
consumidor e não gerar perturbação quanto ao equilíbrio econômico e
financeiro das empresas é sempre bem-vinda".
O executivo citou a
força da marca Vivo e a parceria com a Portugal Telecom como fatores
complicadores para que a companhia possa unificar a marca Telefônica no
País entre as operações de telecomunicações. "No caso do Brasil, a marca
Vivo é muito forte, por isso, essa possibilidade de unificação será à
frente no tempo do que os outros países", afirmou. "Além disso, a Vivo é
uma empresa também do grupo Portugal Telecom e nesse caso temos a
questão de caráter societário", completou Valente.
O executivo
cobrou ainda do governo um tratamento igual entre uma possível empresa
pública e as privadas na implantação do Plano Nacional de Banda Larga.
"Se a empresa estatal vier a oferecer serviços ao consumidor final, se
tiver as mesmas características em termos de competitividade que as
outras empresas, é uma a mais; se isso não ocorrer, você acaba criando
distorções competitivas", alertou Valente.
O presidente do Grupo
Telefônica citou questões tributárias, como isenções de impostos, para
exemplificar possíveis benefícios a uma nova empresa que ofereça o
serviço de banda larga. "Se uma empresa estatal não tiver a mesma carga
de impostos que a privada, isso criará uma assimetria muito grande,
irreal e artificial", explicou Valente. Ainda de acordo com ele, a forma
de viabilizar a nacionalização da banda larga "provavelmente não é ter
uma empresa pública, não é ter uma empresa privada, mas uma conjunção de
esforços que acabe contribuindo para que o objetivo maior seja
alcançado", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário