Luís Osvaldo
Grossmann
Convergência
Digital
A
proposta de alteração no regimento interno da Anatel, com previsão de
maior transparência, ganhou apoio do Conselho Consultivo do órgão
regulador. As linhas gerais foram apresentadas nesta sexta-feira, 16/4,
pela própria autora da sugestão, a conselheira Emília Ribeiro, que
insistiu na necessidade de mudança na cultura da agência.
"Minha pretensão é que a Anatel melhore. Essa cultura da agência, de
12 anos, que eu respeito, deu reconhecimento. Mas agora não cabe mais. A
transparência, a publicidade, dará um novo fôlego para a agência e mais
equilíbrio entre empresas e consumidores", defendeu a conselheira.
A primeira grande mudança da proposta - em consulta interna - prevê a
realização de reuniões abertas do Conselho Diretor. Diferentes de
outras agências reguladoras, as decisões colegiadas da Anatel são
tomadas a portas fechadas. Os documentos que embasaram as conclusões
também não são divulgados.
Conselheiros contrários à abertura das reuniões costumam repetir que
ali são tomadas decisões que afetam o mercado de telecomunicações do
país. Por isso, sustentam que dar publicidade aos debates pode provocar
efeitos indesejados na movimentação dos papéis das empresas na Bolsa de
Valores.
A fraqueza de tal argumento está na falta de sensibilidade ao que
acontece fora das paredes da Anatel. É difícil imaginar um órgão
regulador com maior potencial de influenciar as ações de empresas do que
o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, mas nem por isso as
reuniões do Cade são fechadas.
“Não é possível que se perpetuem as reuniões não serem abertas, algo
que se choca com a própria Constituição Federal”, disse Roberto
Pfeiffer, diretor do Procon de São Paulo e representante dos
consumidores no Conselho Consultivo da Anatel. E fez questão de lembrar
dos anos em que ele mesmo foi integrante do Cade.
“Eu fiz parte do Cade, onde as reuniões são abertas, onde são
tratados vários assuntos sensíveis. E há previsão de sigilo sobre
algumas questões comerciais, desde que seja solicitado e assim entendido
pelo Conselho. Mas isso não significa dar sigilo à decisão”, destacou.
A própria conselheira Emília Ribeiro, atenta ao argumento contrário,
tomou cuidado de consultar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o
órgão que regula e fiscaliza o mercado de ações. “A posição da CVM é que
se tudo for feito com previsibilidade não há prejuízo para a
sociedade”, disse.
Até mesmo o representante das empresas no Conselho Consultivo, Luiz
Francisco Perrone, que é diretor da Oi, defendeu a abertura das
reuniões. “A transparência é importante”, disse ele. Walter Fayad,
presidente do Conselho, lembrou que além de mudar o regimento, é preciso
uma mudança de atitude dos membros do Conselho Diretor.
A proposta de novo regimento interno é abrangente. Além das reuniões
abertas, Emília Ribeiro propôs que atas, notas taquigráficas ou
gravações sejam conservadas e divulgadas. Há também alterações que
reduzem os casos em que os processos podem ser considerados sigilosos e,
ainda, a agilização do andamento dos processos. "A regra, hoje, é o
sigilo. Com as mudanças, passa a ser a transparência", concluiu.O
documento está em consulta interna na Anatel e já recebeu 593 acessos e
168 contribuições, procura que levou a prorrogação do prazo de
encerramento para 27 de abril.
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