Ela vai contra muitas regras na TI com o uso de recursos
redundantes. Compartilhar o mesmo hardware também é motivo de
discussão.
Por Bernard Golden, da CIO-EUA
Muitos executivos se incomodam com o fato de provedores de computação em nuvem partilharem o mesmo hardware para abrigar dados confidenciais corporativos, ainda assim, o real fator de desperdício é a má organização de processo internos nas empresas. Esse é o alerta do editor da CIO.com. Bernard Golden.Uma das reações mais interessantes que percebemos em executivos de TI é a crítica quanto às vantagens de manter dados da corporação sem servidores hospedados na nuvem e sua propensão a preferir investir altos volumes de recursos em estruturas locais para dar conta do armazenamento e da distribuição das informações na empresa.
Quando se fala que sistemas redundantes – característica fundamental dos ambientes em nuvem – são essenciais para manter o sistema rodando em uma fração de seu desempenho total com vistas a garantir maior disponibilidade, criticam inclusive essa tática por acreditar tratar-se de um desperdício total de recursos.
De alguma maneira, a percepção de que os recursos de TI devem ser tratados como bens de baixo custo e, portanto, devem superar as necessidades da organização, vai contra crenças canônicas de toda a TI. Essa se baseia na otimização desses recursos – volto a repetir – baratos para justificar seus altos custos.
Acontece que a TI não é um recurso caro. Servidores são, na melhor das avaliações, estupidamente baratos. O mesmo pode ser dito sobre o custo de conexões. O que dizer sobre recursos para armazenamento? A 60 dólares por disco rígido com capacidade de 1 TB, não há o que discutir.
Resistência
Sempre nos deparamos com empresas resistentes a adotar novas arquiteturas de computação em nuvem; parecem esquecer que o custo real em uma companhia não é o equipamento ou a tecnologia e, sim, as pessoas. Todos, sem exceção, de administradores, a TI e colaboradores do Help Desk.
As pessoas envolvidas nos processos da empresa e alocadas na gestão de recursos preciosos e de valor dificilmente mensurável são as “peças” que causam resistência na máquina da empresa.
Um exemplo bem prático
O entendimento discrepante acerca de valor gerado e custo confunde, inclusive, executivos de outra áreas. Um nicho que parece não entender direito esse fenômeno é o dos editores.
Esses, muitas vezes, comercializam a versão impressa de obras literárias por preços inferiores às versões digitais – vendidas para leitura em e-books, como o Kindle. A impressão que fica é que os editores têm dificuldade em entender que o preço mais baixo de distribuição é o que possibilita vendas em maior volume desse produto. Em outras palavras, eles parecem ignorar a elasticidade dos preços e preferem proteger com unhas e dentes seus modi operandii a atender a realidade imposta pelos livros eletrônicos: o esquecimento das páginas impressas. Assim que uma editora der o primeiro passo e reduzir os preços das versões digitais de seus livros, a indústria inteira dará um pulo e, da noite para o dia, adotará o mesmo modelo.
A revolução dos livros eletrônicos é importante para a indústria de TI entender um fato: é importante repensar a rotina de configurar processos operacionais com vistas a assegurar o funcionamento da estrutura e atentar para um cenário econômico em constante mutação. A repulsa por desperdício de recursos de TI e a condição pavloviana da gestão às requisições de investimento em recursos que parecem funcionar direito merecem ser reavaliadas seriamente à luz do baixo preço dos insumos de TI.
A maioria das estratégias de computação em nuvem que tenho percebido, parte do princípio de ser possível substituir uma infraestrutura por outra, mais ágil, sem levar em consideração a reestruturação dos processos e das rotinas. É análoga à percepção dos editores, crentes do potencial dos livros digitais e, ainda assim, teimando em manter os preços altos.
Está chegando a hora em que editores e CIOs vão despertar para a necessidade de repensar suas táticas em uma época que muitas de suas rotinas são perfeitamente questionáveis e incompatíveis com os tempos. A estratégia para operação de cloud computing deve ser incorporada com vistas a realizar mais que a simples aceleração dos processos atuais.
A computação em nuvem irá liderar uma revolução na infraestrutura, na arquitetura das aplicações e finalmente nos processo de TI e a forma como são organizadas. No vácuo da redução de custos, virá o banimento da economia de recursos baratos o que certamente será o maior marco dessa revolução e aos CIOs caberá partir rumo à otimização da eficiência de processos – ponto chave no sucesso de uma empresa.
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