Stephanie Kohn
Coordenador do projeto no Brasil afirma que apenas os modems ou roteadores sem suporte ao padrão precisarão ser trocados
Na última quinta-feira (3/2) os endereços IPs do protocolo IPv4 pararam
de ser distribuídos em todo o mundo. Com isso, os Registros Regionais
de Internet passarão a entregar, a partir de agora, unicamente o
protocolo IPv6.
A troca é uma questão de infraestrutura. Na década de 70, quando o IPv4
foi criado, os desenvolvedores da web não tinham ideia do tamanho que a
internet teria e, portanto, não se preocuparam em criar um padrão de
endereços que suportasse a expansão da rede mundial.
Agora, com o crescimento exponencial da internet, esses números IPv4
estão chegando ao fim. A expectativa é de que já não exista mais
disponibilidade de endereços a partir de dezembro de 2011. Então, para
que a internet continue crescendo e se desenvolvendo, foi necessário
criar um outro sistema de numeração, que irá comportar muito mais
computadores, servidores e endereços web. Em vez dos 4 bilhões de
números - usados no IPv4 -, o IPv6 suporta uma quantidade que nem
sabemos falar: são 3,4x10 elevado à 38ª potencia.
Isso é extremamente positivo, uma vez que, em breve, não só as pessoas e
as máquinas estarão conectadas, mas os objetos também. Segundo o
coordenador de projetos do IPv6 BR, Antonio Moreiras, o mundo está
entrando na era da “Internet das Coisas”, na qual geladeiras,
microondas, carros e outros objetos estarão conectados à rede e cada um
deles também terá seu número de IP. Com essa nova realidade, é
imprescindível ampliar a disponibilidade de endereços no mundo.
Além disso, Moreiras explicou que a mudança para o IPv6 pode significar
mais segurança para a Internet, pois o padrão conta com um protocolo
criptografado, que pode identificar todo o caminho percorrido por cada
IP. Para os usuários finais, essa mudança nem deve ser percebida. “Isso
vai acontecer de forma invisível. Caso o internauta tenha um modem ou um
roteador sem suporte para IPv6 será necessário comprar outro, mas isso
depende da tecnologia usada. Algumas pessoas têm provedores que
administram tudo e são eles que deverão disponibilizar o IPv6”, explica.
O executivo acredita que ainda é muito cedo para os usuários finais se
preocuparem com isso, até porque existem poucos equipamentos no mundo
com suporte IPv6. Os aparelhos devem começar a ser vistos mais no final
do ano e, por isso, vale a pena esperar. “A minha dica é conversar com
seu provedor pra saber se eles já estão se preparando para esta troca”,
sugere.
A verdade é que as empresas de telecom e provedores serão os mais
cobrados com essa história. Eles têm cerca de 1,5 ano para se
organizarem, mas como o movimento começou em 2008, os investimentos em
equipamentos já estão sendo feito desde então. "Ainda é um assunto
desconhecido por muitos, mas a CTBC e Global Crossing, por exemplo, já
têm suporte IPv6. Outras como Telefônica, Embratel, GVT e Intelig estão
se preparando”, conta o coordenador do projeto.
Para ter ideia de como o IPv6 não será um 'bicho de sete cabeças' para
os usuários, no evento de tecnologia, Campus Party, a Telefônica fez um
experimento e disponibilizou IPv6 para todos os participantes. Durante
os seis dias de evento, os internautas usaram o protocolo sem nem ao
menos perceber.
Para quem quer saber mais sobre o assunto, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC) criou um site do projeto IPv6 no Brasil. Lá tem cursos disponíveis em módulos que são super explicativos e fáceis de entender. Não deixe de dar uma passada lá.
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