Aplicativos e infraestrutura no alvo da Telefônica
No Brasil a Telefonica, hoje uma das maiores operadoras de telefonia do país, quase não aparece quando o assunto é computação em nuvem e seus protagonistas, mas isso não significa que a empresa está alheia. Em uma entrevista publicada esta semana no site da matriz, na Espanha, José Luis Gamo, diretor global de cloud computing da Telefonica, explica como a companhia tem aproveitado o potencial da computação.
De acordo com Gamo, a Telefonica tem voltado seu foco para a oferta de infraestruturas e aplicativos necessários ao desenvolvimento de nuvens, e aposta aqui sua experiência como provedor global de serviços críticos. A companhia hoje oferece serviços de infraestrutura e aplicativos na nuvem para empresas, por meio de centro Virtual de Processamento de Dados; e para pessoas físicas, com a oferta do PC Virtual. Além disso, tem o que chama de Aplicateca, um conjunto de aplicativos executados na rede e que são pagos por utilização.
De acordo com o Gartner, a computação em nuvem é uma das prioridades dos CIOs em 2011. Por que este interesse?
Gamo – Se os CIOs pudessem enviar cartas aos reis magos, acho que fariam basicamente os mesmos pedidos: quase todos iriam pedir que serviços, sistemas e aplicativos para o negócio fossem implantados de maneira imediata. Pediriam que a capacidade de TI corporativa aumentasse automaticamente, de acordo com as demandas. Que os recursos ociosos pudessem ser aproveitados para outros fins, aumentando a eficiência de suas áreas e que não fosse mais necessário aportar recursos em arquitetura e planejamento, mas apenas no consumo daquilo que usassem, como nas utilities tradicionais.
Talvez eles quisessem também dispor de uma análise detalhada, que indicasse a eles exatamente qual o custo de cada aplicação, serviço e sistema, ajudando-os a tomar decisões. Pois é este o modelo de serviços em nuvem que, mesmo sem ser a solução para todos os problemas da computação corporativa, promete transformar estes desejos em realidade em curto prazo. Não é de estranhar que provoque tanto interesse tanto entre os profissionais técnicos quanto entre os gestores de negócio.
Quase todos os institutos de pesquisa afirmam que, este ano, o modelo de cloud computing se consolidará como uma das grandes tendências em TI. Pode-se esperar sua adoção massiva pelo mercado corporativo?
Gamo – As tecnologias estão bastante maduras. Se a nuvem não avança mais depressa é porque a mudança que ela propõe exige que importantes aspectos do modelo de serviço e de negócio sejam resolvidos: níveis de serviço, proteção de dados, fiscalização entre fronteiras, garantia de segurança etc.
O mercado mais avançado do mundo hoje é o Estados Unidos, em parte porque tem internet disponível, pela grande penetração da TI em empresas de todos os tamanhos e pela existência de uma grande comunidade de desenvolvedores de software. Na Espanha, como a Europa em geral, está atrasada nesse sentido, mas acelerando. Prevemos que os serviços de cloud cresçam mais de 30% ao ano nos próximos cinco anos, com o mesmo ritmo de adoção nas pequenas e grandes empresas.
Isso significa que o cloud computing é indicado para qualquer empresa e qualquer aplicação?
Gamo – Sem dúvida. A nuvem será uma ferramenta poderosíssima a serviço de qualquer tipo de negócio.
Mas em que tipo de organização ela terá mais êxito?
Gamo – Naquelas que tiverem claro que precisam da tecnologia e naquelas que não tiverem obsessão por fazer tudo internamente. Estamos diante de uma mudança de paradigma parecida com a que ocorreu quando as grandes indústrias deixaram de produzir sua própria energia elétrica para conectarem-se à rede pública.
O mesmo deve ocorrer nas administrações públicas?
Gamo – Sim. Em minha opinião, a única razão que impede um órgão público de mudar como uma empresa privada é a inércia. Os governantes e gestores precisam adaptar os processos de licitação e também a inflexibilidade entre investimento e gasto nos projetos públicos. São fatores que não impedem, mas dificultam o modelo. Por sorte, alguns governos têm isso claro e estão mudando.
Para que aplicações o modelo de cloud é mais indicado?
Gamo – Como eu disse, todas ou quase todas as aplicações acabarão em uma arquitetura em nuvem. Outra coisa será o ritmo de adoção. Inicialmente devem se mover as cargas de trabalho cujos problemas sejam mais controláveis: as que não são críticas para o negócio, as que não estão sujeitas às Lei de Proteção de Dados, as aplicações de arquitetura moderna, as que estão sendo lançadas e aquelas que vivem na internet. A medida que os CIOs se sentirem confortáveis com os resultados, as outras aplicações também devem migrar.
Privadas, públicas, híbridas. Que vantagem cada modelo oferece em função de suas utilizações?
Gamo – As grandes corporações, fundamentalmente os bancos, começarão adotando nuvens privadas por questões de segurança, regulamentação e risco para o negócio. No outro extremo, o do consumo, a nuvem será fundamentalmente pública, como já vemos no Gmail e no Facebook, por conta da economia de escala. Acredito que a imensa maioria das empresas deve fazer uso dos modelos híbridos, que combinam a eficiência dos públicos com o caráter exclusivo dos privados.
A analogia mais evidente é a das redes de dados. Hoje vemos que há espaço para redes privadas e há empresas que usam a internet como única infraestrutura de comunicação para o negócio, e ainda há as redes privadas virtuais.
Diante da grande variedade de ofertas e características de serviços, o que se deve exigir de um provedor, especialmente em relação aos acordos de nível de serviço?Gamo – Os SLAs devem ser “extremo a extremo”. De nada vale oferecer um parâmetro técnico que não se traduza imediatamente no funcionamento dos aplicativos, como esperam os usuários. Em poucas palavras: devem incluir as comunicações.
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