Serpro tem R$ 623,2 milhões em faturas não pagas

Luis Osvaldo Grossmann e Luiz Queiroz Convergência Digital Uma análise interna sobre o desempenho em 2010 indica que o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) teve o melhor dos últimos cinco anos com base nas metas estipuladas e cumpridas. Mas o maior problema do órgão não parece ter solução à vista: os R$ 623,2 milhões em faturas a receber, especialmente dos maiores clientes, como a Receita Federal. O resultado de tantas contas “penduradas” assusta. A disponibilidade da caixa chegou, como indica o relatório, a uma “posição crítica” em novembro do ano passado, com meros R$ 7,1 milhões. A situação melhorou no mês seguinte, quando subiu para R$ 43,1 milhões, mas a cifra não representa exatamente um alívio, uma vez que a meta era chegar ao fim do ano com R$ 250 milhões e caixa. O valor de dezembro, lembra o relatório, representa “somente cerca de 49% da folha de salários média mensal apurada para o ano de 2010 (R$ 88,1 milhões)”. Segundo o documento, esse “aperto de liquidez” observado no ano passado tem explicação clara: 1) acumulação de faturas a receber, avaliadas em R$ 623,2 milhões em 30 de dezembro; e ainda 2) a inscrição de faturas como “créditos em avaliação de direito”, atualmente, avaliadas em R$ 231,1 milhões. Ou seja, além de atrasados, mais de um terço dos pagamentos correm o risco de não serem efetivados pela transformação das faturas em glosas. Principal cliente da empresa, a Receita Federal – que representa 70% da demanda de serviços do Serpro – responde sozinha por faturas glosadas que somam R$ 214 milhões. Diante desse cenário, a Análise Crítica de Desempenho Empresarial do Serpro enfatiza a necessidade de melhorar a cobrança aos clientes – especialmente o Fisco – além de aumentar as receitas pela via da diversificação dos serviços prestados. Sugere, ainda, a redução de despesas com pessoal e encargos – que cresceram 13,3% em 2010. Nesse sentido, o documento defende que “o instrumento adequado para promover tal ajuste” é o uso das Ações de Preparação para a Aposentadoria (APA), “haja vista as avaliações econômicas que apontam para esse programa um payback que garante uma redução considerável do desembolso com pessoal e encargos a curto prazo”. O balanço das atividades do Serpro em 2010 aponta que o órgão foi bem sucedido ao atingir metas relacionadas a itens como o plano de investimentos em TI, treinamento de funcionários e no atendimento a demandas no prazo. No geral, 57% das metas estipuladas foram cumpridas. Por outro lado, foi mantida como “pendente” a criação de um sistema de medição de satisfação dos clientes, que poderia servir como instrumento para orientar o órgão em suas atividades. O Serpro, no entanto, ainda não conseguiu definir indicadores e o responsável pela coleta dessa análise. “Não conseguimos realizar uma pesquisa de satisfação, mas vamos fazê-la este ano. A ideia é que seja algo constante, possivelmente até mesmo utilizando os nossos sistemas”, diz o presidente do Serpro, Marcos Mazoni. Segundo a Análise Crítica, uma das causas se deveu a um dos 10 pontos listados como principais problemas do Serpro – no caso, aceitar mais demandas do que a capacidade instalada é capaz de atender. A lista desses 10 pontos ainda inclui falta de prioridades para o atendimento das demandas do Estado, dificuldades em garantir a entrega dos serviços como acordado, inadequação qualitativa e quantitativa de pessoal e um modelo de gestão que facilita as disputas internas.

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