O
governo não gostou de descobrir que, após fazerem tanta pressão pela
faixa de 2,5 GHz, as teles agora preferem deixar para mais tarde os
aportes nessa frequência e a implantação, no Brasil, da tão defendida
quarta geração da telefonia móvel (ou serviço 4G), também chamada de
LTE. Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a sugestão de
adiamento do leilão, previsto para abril do próximo ano, é
“incompreensível” e remete à resistência das empresas em aumentarem os
investimentos.
“Querem
mais espectro, mas se furtam à cobrança por mais investimentos. Quando
fizemos desonerações de impostos, ninguém reclamou”, disparou o ministro
durante cerimônia no Rio de Janeiro para repasse de R$ 100 milhões do
Funttel [Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações]
para a Finep, a serem destinados a financiamentos em inovação no setor.
Segundo Bernardo, não existe a hipótese de um adiamento do leilão, que
por definição de decreto presidencial deve acontecer até 31 de abril de
2012. A nova postura das empresas, verbalizada por operadoras como TIM e
Oi durante o Futurecom, está ligada ao fato de que o edital, conforme
anunciou o ministro, irá prever a implantação, em 12 meses, do LTE nas
cidades sede da Copa de 2014.
O recuo das teles é, de fato, curioso após a longa pressão que elas
fizeram pela destinação da faixa de 2,5 GHz para a telefonia móvel. Não
custa lembrar que, para liberar espaço naquela frequência, a Anatel
sacrificou operadoras que utilizam o espectro para prestação de serviços
de TV paga pela transmissão por microondas (MMDS) - e que tentaram, em
vão, resistir à mudança.
Além disso, durante a briga pelo uso da faixa de 2,5 GHz, um dos
principais argumentos das teles residia exatamente nas supostas
vantagens dessa fatia do espectro para aplicações na quarta geração da
telefonia, por permitir maiores velocidades - de até 100 Mbps - na banda
larga móvel. Também argumentavam que o Brasil deveria apostar logo no
LTE para não ficar atrasado em relação a outros países, como aconteceu
no 3G.
Sem debates
Se o recuo sobre o LTE foi uma das surpresas do Futurecom deste ano, o
mesmo se pode dizer sobre a falta de discussão sobre temas que as
empresas vêm tratando como importantes - e urgentes. Tido como o
principal evento do setor no país, o encontro também se caracterizou
pelo desinteresse em tratar das novas regras de qualidade na banda larga
e das metas de competição.
Nas últimas semanas, as teles pressionaram a Anatel para ampliar os
prazos de discussão desses regulamentos, notadamente por discordarem de
ambos. Elas são contra a garantia de percentuais mínimos de velocidade -
em média, 60% - nas conexões de internet e questionam a definição de
empresas consideradas com Poder de Mercado Significativo, que passam a
se sujeitar a medidas assimétricas de regulação.
No caso dos novos regulamentos do Serviço de Comunicação Multimídia, a
Anatel até chegou a fazer uma apresentação das propostas, que estão em
consulta pública até a próxima sexta-feira, 16/9, mas nenhuma operadora
se animou a discutir o assunto.
* Com informações do Minicom
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