Dilceu Sperafico
Entre as grandes injustiças sociais que o Brasil precisa corrigir
com urgência está a tarifa do telefone celular. Ela é a segunda maior
do mundo, perdendo apenas para a África do Sul e quatro vezes superior
a dos Estados Unidos. O mais grave é que a distorção pune a população
mais pobre, pois para fugir da assinatura da telefonia fixa, os
usuários de menor renda aderiram ao telefone celular, na modalidade
pré-paga, adaptando as despesas às suas reais possibilidades.
Conforme especialistas, as tarifas da telefonia celular são tão
elevadas no Brasil por duas razões. Pela tributação excessiva, que
onera também esse serviço fundamental nos tempos modernos, somada à
ganância de operadoras, que se negam a reduzir o valor cobrado nas
ligações para usuários de empresas concorrentes.
Por conta
dessas distorções, o usuário brasileiro paga em média 45 centavos de
real por minuto em chamadas locais para celulares da mesma operadora,
mas esse valor passa de um real quando o número pertence à outra
operadora. Os gastos com telefonia fixa e móvel já atingiriam 6% da
renda média dos brasileiros.
Os tributos incidentes sobre as
ligações estão em 42% na média nacional, uma das cargas tributárias
mais elevadas do mundo, com o detalhe do consumidor pagar os impostos
antecipadamente, no caso do sistema pré-pago, que predomina na
telefonia móvel brasileira.á
A situação chegou ao ponto da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel), concluir pela necessidade de
revisão das tarifas. Informa já haver contratado consultoria
especializada para avaliar o sistema e sugerir modelo de análise de
custos dos serviços prestados, com previsão de conclusão dos trabalhos
para meados de 2011.
Conforme a Anatel, o Brasil registrou
23,3 milhões de novos acessos à telefonia móvel em 2009, com
crescimento de 15,4%. O resultado ficou pouco abaixo de 2008, quando os
brasileiros adquiriram 29,6 milhões de novos celulares.
Com
isso, o País atingiu 173,9 milhões de números ou acessos, o que
significa a média de 0,9 celular por habitante. Somente em dezembro de
2009, o melhor mês do ano para o setor, foi registrada expansão de 4,2
milhões de novos celulares.
Neste início de 2010, cinco
estados possuem mais celulares que habitantes: Distrito Federal, São
Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A
região norte, no entanto, é a que mais avança na relação de celulares
por habitante, com crescimento de teledensidade de 21,27% em 2009,
contra expansão de 16,39% do sudeste. Para corrigir distorções nos
custos, precisamos avançar em dois pontos. Reduzir a tributação sobre a
telefonia celular e aprovar o final da cobrança de assinatura na
telefonia fixa.
Projeto de lei nesse sentido tramita no
Congresso Nacional desde março de 2008, estabelecendo que consumidores
paguem apenas pelos minutos efetivamente utilizados ou serviços
prestados pelas operadoras.
A tarifa básica de cerca de 40
reais mensais foi criada pela Lei Geral de Telecomunicações, que
possibilitou a privatização do setor, com a finalidade de financiar a
expansão e universalização da telefonia no Brasil.
Como a
consolidação da rede foi alcançada e não são mais necessários
investimentos na ampliação da infraestrutura, entidades de defesa dos
consumidores afirmam que a cobrança da assinatura não tem mais nenhuma
justificativa, com o que concordamos.
Dilceu Sperafico (PP-PR) é deputado federal.
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